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Crise argentina torna o Brasil estratégico para a Flybondi

Terceira companhia de baixo custo a entrar no País, aérea enfrenta momento delicado em país de origem

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Terceira companhia aérea internacional de baixo custo a operar no País – depois da norueguesa Norwegian e da chilena Sky –, a argentina Flybondi chega ao Brasil em um momento delicado de suas operações. Com a crise argentina e a desvalorização do peso, a empresa teve de congelar seu plano de expansão e faz agora no Brasil uma aposta para melhorar os resultados.

“O Brasil sempre esteve nos nossos planos, mas a verdade é que algumas rotas aqui (dentro da Argentina) não tem dado o resultado que esperávamos”, disse Sebastián Pereira, presidente da empresa. “Em vez de continuar apostando nessas rotas, liberamos aviões para voar ao Brasil.”

Sebastián Pereira, presidente da companhia aérea argentina Flybondi Foto: Flybondi

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Pereira afirmou ainda que o País é “muito importante” para a estratégia da empresa, como diversificação. “Começamos a ter receita não só em peso, mas também em outras moedas.”

Com passagem pela Latam e tendo atuando no Brasil, ele disse estudar incluir voos da Flybondi em cidades como Florianópolis, Porto Alegre e São Paulo. Por enquanto, a companhia anunciou apenas a rota Rio de Janeiro–Buenos Aires, que estreia em outubro com três voos semanais. Se a segunda cidade brasileira eleita pela Flybondi for Florianópolis, é provável que a operação comece ainda neste ano, antes do verão. Se for São Paulo, pode ficar para 2020. 

Sobre os custos elevados para se voar no Brasil, citados por analistas da área como um entrave relevante para companhias de baixo custo, Pereira destaca que a Flybondi tem a vantagem de ser a única empresa no aeroporto de El Palomar, em Buenos Aires, o que lhe garante taxas mais baratas. 

“É verdade que, na rota entre o Rio e Buenos Aires, metade dos custos vem do Brasil, mas metade é daqui (da Argentina) e (as taxas) têm um diferencial imenso comparado com Aerolíneas Argentinas, por exemplo, que tem uma estrutura maior e opera em outros aeroportos. Até no Rio, sendo uma empresa de baixo custo, estamos conseguindo boas negociações”, diz. Pereira afirma que a intenção é ter preços em média 20% inferiores ao da concorrência.

A Flybondi começou a voar na Argentina em janeiro de 2018 e hoje tem uma frota de cinco aviões. A meta era chegar a dez no fim deste ano, mas a recessão e a desvalorização do peso adiaram os planos. Agora, a companhia aguarda o resultado da eleição presidencial, marcada para outubro, para definir se acrescenta uma sexta aeronave à frota. “Estamos avaliando e negociando preço, mas ainda não definimos o melhor momento para incorporá-la”, disse. “Vamos esperar, no mínimo, as eleições para decidirmos.”

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Pereira afirmou que a companhia também não conseguiu atingir o equilíbrio entre receitas e despesas. “As expectativas dos investidores foram adiadas, mas eles ainda estão confortáveis com os resultados, considerando o contexto na Argentina, e estamos muito próximos de um ponto de equilíbrio.”

A Flybondi tem como principais investidores o grupo americano de private equity (que compra participações em empresas fechadas) Cartesian e a japonesa Yamasa, além de Michael Cawley, um dos responsáveis pelo sucesso da low cost irlandesa Ryanair. Outro investidor, Julian Cook, o primeiro presidente da empresa argentina, se afastou do cargo no meio da crise econômica que prejudicou a Flybondi.

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