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Crise atinge Deutsche Bank, mas sem surpresas desagradáveis

Por JOHN O'DONNELL
Atualização:

O Deutsche Bank alertou na quarta-feira que sua maior geradora de receitas, a unidade de banco de investimento, vai continuar com desempenho fraco depois que a crise global de crédito levou os negócios da divisão ao vermelho pela primeira vez em 5 anos. Apesar disso, o banco de investimento informou que o quarto trimestre vai melhorar e investidores ficaram satisfeitos em não notar nenhuma surpresa desagradável nos resultados do banco. As ações da instituição financeira subiam 4 por cento, enquanto o índice europeu de bancos tinha alta de 1,32 por cento. A operação de banco de investimento teve um prejuízo antes de impostos de 179 milhões de euros (258 milhões de dólares) no terceiro trimestre e informou que as receitas do quarto trimestre serão pressionadas "de maneira significativamente menor do que os picos atingidos recentemente" em um momento em que o mercado está agitado. A ausência de notícias impactantes no balanço contrasta com alguns rivais. Nesta semana, o UBS tornou-se o segundo banco global a divulgar prejuízo trimestral depois que o Merrill Lynch revelou inesperados 8,4 bilhões de dólares em baixas contábeis. "Eles fizeram um trabalho melhor que o Merrill Lynch", disse Andreas Plaesier, analista da MM Warburg. Mas ele acrescentou: "Eu presumo que a crise financeira também vai atingir a unidade de banco de investimento no primeiro trimestre de 2008." O banco alemão teve um lucro geral antes de impostos de 1,4 bilhão de euros no trimestre, graças a ganhos com a venda de participações da instituição e de escritórios em Wall Street. O resultado, apesar de um quinto menor que o obtido no mesmo período do ano passado, é melhor do que o Deutsche Bank havia previsto há um mês, quando informou a investidores que esperava lucro de cerca de 1,2 bilhão de euros. "Investidores estão aliviados que o Deutsche Bank não tem qualquer esqueleto no armário", disse um operador. Revelando os estragos sofridos por semanas de turbulências nos mercados de dívida combinadas com restrição de crédito, o Deutsche Bank informou que suas receitas com operações corporativas e banco de investimento caíram para 1,9 bilhão de euros no terceiro trimestre. Enquanto isso, a operação com corretagem, uma mina de ouro para o banco no passado, mas que se tornou imprevisível assim como o mercado em que opera, teve um prejuízo de mais de 800 milhões de euros no período. A compra e venda de produtos relacionados a dívidas foi duramente atingida por condições difíceis de mercado. As receitas caíram mais de dois terços, para menos de 600 milhões de euros. O presidente-executivo do banco, Josef Ackermann, manteve sua meta de lucro antes de impostos de 8,4 bilhões de euros no próximo ano, mas afirmou que para isso acontecer é preciso que os mercados fiquem "normais". (Reportagem adicional de Jonathan Gould e Patricia Nann)

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