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Crise consolida Brasil como 8ª economia

Com base nos números do 1º trimestre, País superou a Espanha; PIB nominal brasileiro seria de US$ 1,8 tri e o espanhol, US$ 1,5 tri

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Por Fernando Dantas , Jamil Chade e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

A crise espanhola permitiu que o Brasil se firmasse na oitava posição entre as maiores economias do mundo. Com base em números oficiais, o jornal econômico espanhol Expansion revelou que o ranking das maiores economias foi bastante modificado com a crise global nos últimos dois anos.

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A China ultrapassou o Japão e agora se tornou a segunda maior economia do mundo. Já o Brasil supera a Espanha e é a oitava potência, em termos de Produto Interno Bruto (PIB) nominal. Com base nos números do primeiro semestre, o PIB brasileiro seria de US$ 1,8 trilhão, ante US$ 1,5 trilhão da Espanha. Segundo o jornal, a Espanha chegou a ficar na sétima posição em 2007, quando ainda vivia um boom econômico. Mas, com 20% de desemprego, um déficit colossal e uma economia estagnada, perdeu posições.

Já dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), organizados por Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating (ver gráfico), indicam que a ultrapassagem da Espanha pelo Brasil teria acontecido ainda em 2009. Mas a persistência da crise nos países ricos e a rápida recuperação dos emergentes, como o Brasil, fizeram com que a diferença entre os dois países disparasse em 2010.

Em 2009, segundo os dados do FMI, o Brasil, com PIB de US$ 1,57 trilhão, estava na oitava posição do ranking, mas colado na Espanha, que era a nona colocada com US$ 1,46 trilhão. Já a projeção do Fundo para 2010 joga o PIB brasileiro para US$ 1,91 trilhão, bem acima do US$ 1,56 trilhão previsto para a Espanha.

Dependência

Sem um mercado interno dinâmico por causa do desemprego, a Espanha passou a depender apenas das exportações. Mas, com a Europa em crise, produtos não competitivos e uma queda da demanda nos Estados Unidos, empresas não aguentaram e muitas faliram. No total, foram sete trimestres de encolhimento do PIB, também prejudicado pelo fim da bolha imobiliária que mantinha 25% do crescimento da economia. Agora, a recuperação apenas patina e já se fala em nova queda no fim do ano.

No Brasil, a crise internacional foi compensada pelo mercado doméstico em expansão, crédito e consumo. Pelo ranking do FMI, os Estados Unidos continuam no primeiro lugar, com um PIB nominal projetado para 2010 de US$ 14,8 trilhões, quase o triplo do chinês. A China vem em segundo, com US$ 5,4 trilhões, seguida pelo Japão com US$ 5,3 trilhões.

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O primeiro país europeu no ranking é a Alemanha, com US$ 3,3 trilhões, seguido de longe pela França, com US$ 2,7 trilhões, Reino Unido, com US$ 2,2 trilhões e Itália com US$ 2,1 trilhões. O Brasil vem na oitava posição, colocação que já ocupou nos anos 90, com US$ 1,9 trilhão.

Em entrevista ao jornal espanhol, o ex-ministro de Assuntos Exteriores do país, Josep Piqué, apontou que, juntas, as economias latino-americanas já seriam a quarta maior economia do mundo, superando a Alemanha. Para ele "a Europa é o doente da economia mundial".

O ranking do FMI indica que a posição do Brasil variou muito desde meados da década de 90. Em 1995, o Brasil era a sétima maior economia do mundo em PIB nominal, com US$ 769,7 bilhões. As crises cambiais e econômicas da segunda metade dos anos 90, porém, acabaram forçando a desvalorização do real em 1999, que foi acentuada nas turbulências de 2001 a 2003.

A conjunção de moeda desvalorizada e baixo crescimento fizeram o Brasil recuar seis posições no ranking do FMI, caindo em 2003 e 2004 para a 13.ª colocação no ranking global de PIBs. Nesses dois anos, o Brasil ficou atrás de países como Espanha, Canadá, México, Coreia do Sul e Índia.

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Pulando degraus

A partir de 2005, porém, com a valorização do real, e de 2006, com a aceleração do ritmo de crescimento, o Brasil recuperou cinco posições, e chegou em 2009 ao nono posto no ranking dos PIBs. Segundo Agostini, da Austin Rating, "vale lembrar que a boa colocação do Brasil obtida nos anos 90 se deveu ao câmbio artificialmente valorizado, que aumentava o PIB em dólares".

Para o economista, hoje a realidade é diferente, pois, mesmo com o câmbio relativamente valorizado, o País está em um nível de abertura comercial e competitividade muito maior que no passado. "Isso são fatores que reforçam a solidez da economia brasileira nos dias de hoje, o que fica demonstrado, até mesmo, pela forma como superou com louvor a crise mundial", acrescenta.

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As projeções do FMI indicam, porém, que o Brasil deve se manter na oitava posição pelo menos até 2015, quando o PIB nacional atingirá US$ 2,6 trilhões. Mas haverá uma mudança significativa no ranking, já que o País ultrapassará a Itália e será, por sua vez, ultrapassado pela Rússia, que deve chegar a 2015 com PIB de US$ 3,1 trilhões.

Em 2015, segundo as previsões do FMI, o PIB americano atingirá US$ 18,2 bilhões. Com US$ 9,4 trilhões, o PIB chinês já será um pouco mais do que a metade do americano.

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