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Crise externa fez piorar percepção sobre AL, diz FGV

Por Vinicius Neder
Atualização:

O agravamento do quadro de crise internacional foi o principal responsável pela piora generalizada na percepção em relação à economia na América Latina ao longo do segundo trimestre apontada pelo Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina. Na avaliação da economista Lia Valls, coordenadora do Centro de Estudos do Comércio Exterior do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, as revisões das projeções de crescimento econômico global guiaram a queda do ICE da América Latina de julho para 4,8 pontos ante os 5,2 do primeiro trimestre. O ICE da América Latina vinha de duas altas, em janeiro e abril. Os 4,8 pontos de julho estão também abaixo da leitura de julho de 2011, quando o indicador registrou 5,6 pontos. "Há uma piora na maioria dos países (da América Latina)", afirmou Lia, em entrevista nesta quinta-feira. "Em abril, estávamos num momento em suspenso, quando parecia que poderia haver uma recuperação. Agora, está claro que essa recuperação não vai acontecer neste ano", completou a economista, ressaltando que a perspectiva de crescimento pior não está mais restrita aos países desenvolvidos em crise, mas atinge também os emergentes. Agora, o indicador trimestral, elaborado pela FGV em parceria com o instituto alemão Ifo, sinaliza para a possibilidade de recessão na América Latina, pois os dois índices que compõem o ICE - o Índice da Situação Atual (ISA), em 4,9 pontos, e o Índice de Expectativas (IE), em 4,6 pontos - ficaram abaixo de 5 pontos, limite entre o que o estudo considera como situação "favorável"e "desfavorável". Na pesquisa global, coordenada pelo Instituto Ifo, o ICE Mundial recuou de 5,3 pontos para 4,7 pontos, também após dois trimestres consecutivos de alta. Na União Europeia, o ICE caiu de 4,9 pontos em abril para 4,4 pontos, em julho. O recuo do ICE na Alemanha chamou atenção, passando de 6,4 pontos para 5,4 pontos, na mesma base de comparação. Nos Estados Unidos, a queda foi de 5,7 pontos para 4,6 pontos. Apesar de um forte recuo, de 6,2 pontos, em abril, para 5,2 pontos, em julho, o ICE do Brasil segue acima do limite de 5 pontos e é o melhor dentro do grupo Bric. O índice da China ficou em 5,0 pontos, o da Rússia, em 4,5 pontos e o da Índia, em 5,0 pontos. A pesquisadora da FGV destacou, porém, que a tendência para o Brasil é de queda. "A situação é favorável (acima de 5 pontos), mas com tendência de queda e muito moderadamente otimista", resumiu Lia. O ICE do Brasil é puxado para cima pelo IE - que mede expectativas para os próximos seis meses -, com 5,9 pontos em julho frente os 6,7 pontos de abril. Já o ISA do Brasil recuou de 5,6 pontos para 4,5 pontos. Segundo Lia, a pior percepção em relação à situação atual reflete o pessimismo com a atividade econômica no primeiro semestre, marcado pela estagnação e por revisões na previsão de crescimento para o ano.

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