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Crise financeira pode durar mais um ano, diz Bernardo

Ministro do Planejamento ressalta pedido de Lula para que não falte crédito para empresas e pessoas físicas

Por Fabio Graner e da Agência Estado
Atualização:

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou nesta quarta-feira, 30, que o governo avalia que a crise internacional originária no mercado financeiro norte-americano deve durar pelo menos mais seis meses ou até um ano, embora com uma intensidade menor do que a vista nos últimos dias.   Veja também: Lula quer medidas para garantir crédito durante a crise Votação do pacote no Senado dos EUA deve ocorrer após 20h30 Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira Veja os principais pontos do pacote dos EUA  Entenda a crise nos EUA  Entenda o que acontece com o fracasso do pacote    O ministro, que participou da reunião de coordenação política pela manhã, disse que a questão da crise foi discutida por mais de uma hora com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o encontro e a avaliação foi de que a aprovação do pacote pelo Congresso norte-americano vai ajudar a distender a crise, embora não vá resolvê-la por conta de sua magnitude. Segundo ele, tudo indica que o Congresso dos EUA vai aprovar o pacote.   Segundo o ministro, a crise norte-americana merece toda a atenção, mas, na visão do governo, não há ainda necessidade de adoção de medidas para enfrentar eventuais problemas que a crise possa trazer para a economia brasileira. "Nossa avaliação é que, aprovado o pacote, a crise distende um pouco. Se com medidas adicionais pudermos ajudar, nós vamos fazer, mas não há nada pronto. Não há motivo para alarde", disse ele.   Ele acrescentou que o governo avalia que, apesar de a crise ainda não ter atingido a economia real brasileira, não se pode fingir que ela não existe. "Se houver necessidade, vamos adotar medidas. Não há, nesse momento, necessidade de outras medidas", reforçou, descartando a existência de um pacote para enfrentar a crise. "A época dos pacotes já passou", disse.   Crédito   Bernardo disse que as linhas externas podem ser afetadas pela crise internacional e, por tabela, afetar as linhas de crédito no Brasil. Mas ele destacou que é preciso esperar para se avaliar a situação porque em momentos agudos de crise é normal que "todo o mundo feche a torneira".   Ele ressaltou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou aos ministros que cuidem da oferta de crédito para que não haja falta de financiamento para as empresas e para as pessoas físicas. "O presidente pediu para ficarmos atento e disse que não se pode fingir que não tem crise. Ele pediu para que nós cuidemos do crédito e afirmou: olha, o Natal está chegando", afirmou, reconhecendo que o agravamento da crise já afeta a oferta de crédito. Bernardo informou ainda que o presidente disse que não faltará recursos para os investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). O ministro do Planejamento relatou também que conversou com o presidente do Banco do Brasil, Francisco Lima Neto, e perguntou como estava o fluxo das operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC). "Ele me disse que esses contratos continuam fluindo, embora com mais escassez. É uma situação próxima do normal", disse Bernardo, destacando ainda que o governo não prepara um pacote de medidas para enfrentar a crise.   "Nós achamos que pacote é coisa do milênio passado, já superamos esta época. Estamos olhando atentamente o que acontece com os EUA. Esta crise já dura um ano e três meses e até agora não atingiu o Brasil. Nosso esforço é para minimizar os efeitos", disse o ministro.   O ministro disse ainda que a situação do mercado imobiliário brasileiro é completamente diferente do mercado norte-americano, onde se originou a crise. Segundo ele, a oferta de crédito imobiliário no Brasil até pouco tempo atrás era muito limitada e o governo tem se empenhado em ampliar essa modalidade. Ele informou ainda que o governo estuda mecanismos de estimular esse segmento, mas não deu detalhes. "O governo tem preocupação de ampliar e democratizar o acesso (a crédito). Não há problema com o nosso crédito imobiliário."

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