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CRISE FRUSTRA APOSTA DE EMPREENDEDORES

O ex-servidor público Marcos Santos, de 33 anos, juntou as economias e abriu uma loja de peças, acessórios e consertos de computadores e tablets em frente ao condomínio Vivendas das Gaivotas. A ideia era oferecer serviços “a preço razoável” para uma população de baixa renda. As coisas não vão bem. Primeiro uma chuva mais forte, em dezembro, inundou a loja e a água chegou a um palmo de altura. Havia equipamentos de clientes e Santos teve de arcar com os prejuízos. Desde o meio do ano, o movimento esvaziou. 

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Por Redação
Atualização:

Caiu tanto o movimento que ele instalou três computadores com acesso à internet. Como não tem licença eitura para abrir uma lan house, não faz propaganda da novidade. Quando entra alguém na loja, Santos fica na expectativa: “Mas o que mais tem é gente para perguntar se estou contratando. Mal está dando para um”.

Tiago Almeida, de 30 anos, também está sofrendo com a crise. Há seis anos, deixou a oficina mecânica em que trabalhava e abriu um pet shop, também próximo ao condomínio. Costumava dar banho e fazer a tosa em 120 cães por mês, a preços que variavam de R$ 50 a R$ 70. O movimento caiu pela metade. “Quando chega a 70 cães eu até fico feliz. Aqui na zona oeste o pessoal cobra até R$ 100. Mesmo cobrando mais barato, não consigo clientes”, acredita Almeida, que cogita voltar a trabalhar como mecânico. 

Queda: Tiago Almeida viu movimento do seu pet shop cair 50% Foto: Fábio Motta/Estadão

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A perda de clientes sentida por Santos e Almeida se reflete no setor de serviços em todo o País. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a receita bruta de serviços subiu 2,1% em julho. Foi o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em julho. O IBGE também mostrou que o comércio varejista registrou queda de 1% em julho – o sexto mês seguido com resultado negativo. 

Dono de uma franquia de picolés, Charles Souza, de 40 anos, viu na vizinhança mais pobre uma oportunidade. O forte no seu comércio é a revenda. “A verdade é que quando o desemprego aumenta, o pessoal corre para cá. É uma forma de garantir uma renda. Com esse calor, a venda é certa”. Souza tem uma queixa: a conta de luz. Com 36 freezers, chega a pagar R$ 4 mil mensais. 

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