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Crise global rouba a cena e eleva dólar após medidas

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Por Redação
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A crise global de crédito empurrava o dólar para cima nesta quinta-feira, um dia após as medidas cambiais anunciadas pelo governo para conter a valorização do real. Às 10h48, a moeda norte-americana tinha alta de 1,43 por cento, para 1,698 real. O calote de cerca de 16,6 bilhões de dólares de um fundo norte-americano roubou a cena nos mercados internacionais, acabando de vez com a euforia provocada pela injeção de capital feita por vários bancos centrais nesta semana. A onda de apreensão derrubava as bolsas de valores, enfraquecia o dólar ante outras moedas de peso, como o euro, e aumentava a alergia a risco entre os investidores. No Brasil, a Bovespa caía mais de 2 por cento. A alta do dólar "não tem nada a ver com as medidas (anunciadas pelo governo na véspera)... o dólar está estressando por conta do mercado externo", disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do Banco Prosper, no Rio de Janeiro. Foram três medidas tomadas pela equipe econômica: o fim da cobertura cambial obrigatória para os exportadores, a suspensão de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas operações cambiais dos exportadores e a cobrança de 1,5 por cento de IOF sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa. Mas o mercado está cético quanto à eficácia do plano diante da queda global do dólar e da enorme diferença entre os juros brasileiros e estrangeiros --que alimenta investimentos de curtíssimo prazo como as operações de arbitragem. "É como abrir um guarda-chuva para não se molhar em um tsunami", comparou Alexandre Schwartsman", economista do ABN Amro e ex-diretor do Banco Central, em relatório. Economistas do banco UBS Pactual têm avaliação semelhante. "Nós estamos céticos quanto à eficácia de longo prazo de uma tributação tão seletiva do fluxo de capital", comentaram em outro relatório. Mas eles consideram possível que os próximos dias tenham alguma volatilidade adicional, já que as medidas só entram em vigor na segunda-feira, e alguns agentes poderiam antecipar operações para fugir da tributação. "Não ficaríamos surpresos com alguma movimentação atípica dos preços nos próximos dias nos mercados locais de câmbio e de juros, enquanto as medidas são conhecidas mas não efetivas." (Por Silvio Cascione)

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