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Crise internacional faz Klabin 'sentar no caixa'

Por ALBERTO ALERIGI JR.
Atualização:

O ambiente de incertezas criado pela crise financeira internacional fez a maior fabricante brasileira de papel e embalagens, Klabin, reduzir previsão de investimento para 2008 e a limitar o orçamento de 2009 a gastos com manutenção de ativos. A empresa, que divulgou nesta quinta-feira prejuízo de 253 milhões de reais para o terceiro trimestre ante lucro de 178 milhões de reais há um ano, prevê agora investir 600 milhões de reais em 2008 ante estimativa inicial de 750 milhões a 800 milhões de reais. A ordem, por enquanto, é vigiar de perto os desembolsos da companhia. "O cenário é complicado e como nós não conseguimos enxergá-lo nós temos uma ação para conviver com essa dúvida e a ação é sentar em cima do caixa", disse o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher, em teleconferência com jornalistas. "A ação é proteja seu caixa. Faça os investimentos necessários para garantir a continuidade da operação... Esconde a chave do caixa", brincou o executivo. Para 2009, a Klabin, cujo prejuízo do terceiro trimestre foi pressionado por despesa financeira gerada por perda cambial contábil de 381 milhões de reais, prevê por ora investir apenas o suficiente para manutenção dos ativos da empresa, quantia que gira em torno dos 400 milhões de reais. O executivo informou que a companhia ainda não registrou queda nos pedidos de papelão ondulado, usado em embalagens, mas disse que o setor está "preocupado. Ainda não há uma visão clara da demanda no futuro próximo", disse Poernbacher, acrescentando que o nível de demanda do produto na Klabin deve se manter até o fim do ano. Ele lembrou que a desvalorização do real contra o dólar, que no trimestre passado foi de cerca de 20 por cento, vem em benefício da empresa apesar do impacto na dívida. "Nós obteremos resultados operacionais muito melhores", disse o executivo. Segundo ele, com o dólar valorizado, as importações devem recuar, o que deve impulsionar o mercado interno e por consequência o segmento de embalagens do país. Além disso, as exportações medidas em reais devem ganhar impulso. O executivo afirmou que a empresa não planeja cortes de produção de papéis. "A crise afeta setores e empresas de forma distinta. Para produção de cartões temos capacidade total das máquinas alocada para ano que vem. Para kraftliner ainda não dá para ver como vai se comportar o mercado", disse o executivo. Ele vê possibilidade de redução pequena nos preços do papel kraft diante de oferta internacional restrita e custo da madeira em alta. "Não estamos pensando em redução de produção no curto prazo em função do quadro de crise", disse Poernbacher. A crise tem dificuldado, porém, a contratação de financiamentos de exportação, cujos prazos caíram dramaticamente e os juros subiram acentuadamente, disse o diretor de finanças Sérgio Alfano. Segundo ele, os prazos que antes do agravamento da crise em setembro eram de oito anos caíram para 90 dias e os juros subiram de Libor mais 1 ou 2 por cento para Libor mais 5 a 6 por cento. A companhia porém tem contratado 1,1 bilhão de dólares em financiamentos de exportações no prazo até 2020 e vendas externas anuais de cerca de 500 milhões de dólares, disse Alfano. "O mercado está bem difícil para quem busca linhas para exportações e essas linhas, quando existem, são de curto prazo e alto custo. Na Klabin temos nosso caixa que nos permite passar por esse momento. Não estamos tomando (empréstimos) com prazos muito curtos e custos altos", disse o executivo. Ao final do terceiro trimestre, a Klabin tinha cerca de 2 bilhões de reais em caixa. (Edição de Vanessa Stelzer)

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