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Crise já provoca impacto na balança comercial do País

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

Apesar dos resultados positivos na comparação com os dados de novembro de 2007, a balança comercial das duas primeiras semanas deste mês trouxe recuos, em relação a outubro de 2008, que refletem o impacto da crise internacional sobre o comércio do Brasil com o exterior. A corrente de comércio expandiu 21,4%, diante de novembro de 2007. Mas recuou 2,8% na comparação com outubro de 2008. Parte desse recuo pode ser atribuída a fatores sazonais. Outra parcela está associada a um ritmo mais cauteloso no comércio exterior, que já foi reconhecido no mês passado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). De acordo com dados divulgados nesta tarde pela Secex, a balança comercial fechou as duas semanas de novembro com saldo positivo de US$ 1,211 bilhão, resultado de US$ 8,520 bilhões de exportações e de US$ 7,309 bilhões de importações. A média diária de embarques, de US$ 8,52 milhões, apontou aumento de 21,3% em relação à de novembro de 2007. Mas houve expansão de apenas 1,3%, diante dos números de outubro passado. A média diária de importações, de US$ 730,9 milhões, indicou expansão de 21,5%, na comparação com novembro de 2007, e queda de 7,1%, em relação a outubro de 2008. Nos doze meses encerrados em novembro (até a segunda semana do mês), o saldo alcançou superávit de US$ 22,031 bilhões, cifra 38,7% menor que a do período anterior (janeiro a novembro de 2007). Exportação As exportações das duas primeiras semanas deste mês tiveram desempenho satisfatório diante dos dados de novembro de 2007. Com expansão geral de 21,3%, foram registrados aumentos expressivos nos embarques de produtos básicos (+42,1%), de manufaturas (+16,4%) e de semimanufaturas (+10,8%). Salvo os calçados e couros, os produtos elétricos e eletrônicos, os têxteis e as madeiras, todos os outros 13 principais setores exportadores brasileiros apresentaram elevações nos seus embarques. No caso da soja, o aumento foi de 58,3%. As vendas externas de minérios cresceram 81,0%, enquanto as de açúcar aumentaram 74,0%, e as de suco de laranja, 90,8%. Entretanto, para alguns dos setores mais vulneráveis à crise, o desempenho exportador mostrou-se negativo na comparação com outubro. Os minérios apresentaram queda de 10,9%, enquanto a soja recuou 5,5%. Com base nessa relação, houve queda nas exportações de produtos básicos (-6,9%) e de semimanufaturas (-10,7%), cujos itens são matérias-primas para os setores produtivos dos países de destino. As exportações de produtos manufaturados ainda se mantiveram positivas, em 15,0%. Importação As duas primeiras semanas de novembro apontaram queda de 7,1% nas importações, em relação a outubro deste ano, apesar do desempenho positivo em relação a novembro de 2007, com crescimento de 21,5%. Alguns setores mostram-se aparentemente menos afetados pela crise - em especial, no que diz respeito às expectativas de venda de seus produtos finais ao mercado interno nos próximos meses. O setor têxtil, por exemplo, apresentou aumento de 228,4% nas suas importações, em relação a novembro do ano passado. Diante de outubro de 2008, essas compras continuaram positivas, em 21,8%. Para outros setores, a crise se faz mais presente. O recuo de 13,3% nas importações de veículos e suas partes, em comparação com outubro passado, reflete as perspectivas menos favoráveis de produção e de vendas nos mercados interno e externo do setor automotivo. Outras quedas verificadas na comparação dos dados das duas semanas de novembro com as de outubro passado estão afetadas pela sazonalidade. É o caso das importações de adubos e fertilizantes, que se concentraram no mês passado e que, em novembro, apresentaram queda de 40,5%.

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