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Crise leva judeus a migrar para Israel

Em três anos, dobrou o número de judeus brasileiros que pediram vistos no consulado em busca de trabalho e de educação para os filhos

Por José Maria Mayrink
Atualização:

O número de judeus brasileiros que se mudam para Israel aumentou 100% nos últimos três anos por causa do agravamento da crise econômica do Brasil. Foram 500 em 2015, o dobro do contingente de 2013, segundo a Agência Judaica, que atua como facilitadora do processo de emigração em São Paulo. Os pedidos de visto, indispensáveis para aqueles que vão para ficar, são emitidos pelo consulado, depois de verificadas as condições que dão direito à viagem definitiva.

“Todo judeu tem, pela Lei de Retorno, o direito incontestável de viver no Estado de Israel”, informa Revital Poleg, representante geral da Agência Judaica no Brasil. Os candidatos a emigrar para Israel só precisam comprovar que são judeus. Apresentam certidões civis emitidas por cartórios ou entidades religiosas judaicas. “Há casos em que, na falta de outros documentos, são apresentados registros de cemitérios israelitas onde foram sepultados os pais ou os avós”, diz Revital. 

Foram 500 os judeus brasileiros que se mudaram para Israel no ano passado Foto: Dan Balilty/AP

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A representante da Agência Judaica lembra que sempre houve emigração para Israel, por projetos de caráter cultural, religioso, emotivo e profissional, mas admite que o número de pedidos de passaportes e vistos aumentou por razões econômicas. Frequentemente, somam-se vários motivos a um antigo sonho de viver no Estado de Israel, o Estado do povo judeu. Pesa muito nos casais o desejo de dar aos filhos boa educação, do curso primário ao universitário. 

“Em Israel o ensino é excelente e gratuito, dos 3 aos 18 anos, e as universidades, classificadas entre as melhores do mundo, são públicas ou particulares, estas muito baratas em comparação com as de outros países”, diz Revital. As crianças sempre estudam perto de casa e, a partir dos 7 ou 8 anos de idade, podem caminhar sozinhas pela rua, com bastante segurança. Normalmente, dois adultos controlam o trânsito nas faixas de pedestres.

A Agência Judaica dá informações e orientação aos emigrantes sobre a realidade que vão encontrar. “Por exemplo, é preciso se lembrar de que o estilo de vida é 100% judaico em Israel, do calendário religioso aos artigos de supermercados”, observa Revital. O sábado é dia de feriado religioso e as prateleiras dos supermercados só vendem produtos kosher. Quem quiser outros tipos de alimento, incluindo carne de porco, vai encontrá-los em outras lojas. 

Os judeus brasileiros viajam por sua conta e risco. Em geral, voam para Tel-Aviv com escala em algum país da Europa. A empresa aérea israelense El-Al, que por dois anos voou para São Paulo, não faz mais essa rota. Quem embarca costuma ajeitar com antecedência a vida que vai levar, a começar pelo aluguel da casa ou apartamento em que vai morar. Se possível, também contatos para emprego, trabalho e seguro-saúde. Alimento e moradia são os itens mais caros para o orçamento familiar. 

O governo paga cinco meses de escola para os adultos aprenderem hebraico, a primeira das línguas faladas em Israel, ao lado do árabe e do inglês. As placas das rodovias e dos centros urbanos trazem informações nesses três idiomas. Como Israel é um país de imigrantes, fala-se muito também em outras línguas, como francês e russo, e outras do Leste Europeu. “Inglês se aprende na escola, mas a vida é em hebraico”, informa Revital. As crianças aprendem hebraico com os colegas. 

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