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Crise muda cenário de empréstimos em bancos do País

Com a restrição do crédito externo, alguns bancos estão aumentando as taxas e reduzindo os prazos

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Foto do author Bianca Lima
Por Adriana Fernandes , Bianca Lima , Giuliana Vallone , Ana Paula Ribeiro e da Agência Estado
Atualização:

O agravamento da crise financeira nas últimas semanas causou uma restrição do crédito mundial, reduzindo o volume de recursos disponíveis no sistema financeiro internacional. Com isso, o volume de empréstimos no Brasil também fica prejudicado, o que já levou o Banco Central, na semana passada, a anunciar mudanças no depósito compulsório. A nova conjuntura já está mudando, também, o dia-a-dia de algumas instituições financeiras no País. Veja também: Veja os principais pontos do pacote dos EUA  Entenda a crise nos EUA  Confira os argumentos pró e contra o plano de resgate  A cronologia da crise financeira  Com a restrição do crédito externo, alguns bancos estão aumentando as taxas e reduzindo os prazos, além de elevar o rigor dos empréstimos às empresas. No Banco do Brasil, a estratégia foi reduzir o volume de recursos disponibilizado para cada companhia, a fim de conseguir atender o aumento da demanda. "O BB está atendendo ao maior número possível de empresas", disse o presidente Antonio de Lima Neto, por meio da sua assessoria de imprensa. O banco admitiu que a demanda pelas linhas do banco aumentou substancialmente, enquanto a oferta de crédito internacional diminuiu devido ao agravamento da crise. Empresas que tradicionalmente tomavam empréstimos em outros bancos estão procurando o BB. Além disso, a instituição assegurou que não há discriminação no atendimento das empresas. Mas a instituição foi obrigada a administrar a demanda. O fato é que o BB reduziu o volume de recursos emprestados para cada empresa com o objetivo de atender um número maior de companhias. As taxas das linhas aumentaram e os prazos encurtaram. Mas o volume global é o mesmo, afirma o BB. O que tem sido feito até agora é um gerenciamento para emprestar a mais empresas. Líder na oferta de crédito no comércio exterior, o BB tem uma participação entre 25% e 30% do mercado. No primeiro semestre, o banco tinha 27% das operações de câmbio exportação e, 24% de importação. Com a demanda aquecida, essa participação deve subir no segundo semestre. Segundo o BB, o banco tem mantido contado permanente com as 66 instituições financeiras no exterior com as quais têm contrato para o fornecimento de linhas de comércio exterior. Embora estejam mais escassas e com custo mais alto, as linhas, segundo o BB, estão sendo renovadas diariamente. Mais rigor No caso do Bradesco, o que aumentou foi a seletividade nas concessões de crédito, o que, segundo o vice-presidente executivo, Arnaldo Vieira, poderá resultar na melhora das margens operacionais. De acordo com ele, o maior critério nas novas operações é o único efeito da crise externa no dia-a-dia do banco. "O nosso custo de captação não subiu muito. O que aumentou foi o nosso rigor, porque não sabemos o que vem por aí". De acordo com o executivo, a projeção para o crescimento da carteira de crédito total está mantido entre 24% e 29% neste ano. Não há projeções para o ano de 2009, mas segundo Vieira a expansão da carteira deve continuar, ainda que num ritmo menor, porque não há no Brasil um cenário de crescimento de desemprego e a inadimplência está sob controle. Norberto Barbedo, responsável pela área de corporate do Bradesco, admitiu, porém, que a redução da liquidez externa elevou o custo de captação das grandes empresas e reduziu os prazos das linhas. No início do ano, o custo de captação estava entre 103% e 104% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI - que representa o custo médio de captação de moeda entre os bancos), e agora está em torno de 107% do CDI nos prazos de 180 dias, sendo maior em períodos superiores. "Estamos limitando a 180 dias as novas operações, para mais tarde alongarmos a condições mais adequadas ao cliente". Ampliação A Caixa Econômica Federal (CEF), ao contrário, mostrou uma ampliação nas linhas de crédito para pessoa jurídica. Em setembro, a instituição pública liberou R$ 2,4 bilhões (até o dia 25) ante R$ 1,9 bilhão no mesmo mês do ano passado. Em agosto de 2008, o banco concedeu um total de R$ 2,5 bilhões. Por meio da assessoria, a CEF informou que não elevou a taxa de juros dos empréstimos e nem reduziu os prazos devido à crise do mercado financeiro. Já os bancos Santander e Real - cuja fusão ocorreu após a aquisição do ABN, controlador do Real, pelo Santander - divulgaram, por meio de assessoria que a crise ainda não causou nenhuma restrição às linhas de crédito das instituições. O Unibanco afirmou que não vai se manifestar sobre o assunto. Até o fechamento da reportagem, o Itaú não havia enviado os dados.

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