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Crise muda o perfil do consumo dos brasileiros

Gastos com alimentos, bebidas e lazer dentro de casa cresceram mais do que os desembolsos fora do domicílio

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

A crise financeira mudou a forma de o brasileiro consumir alimentos, bebidas e gastar com lazer. Pela primeira vez desde 2004, o gasto com esses produtos e serviços consumidos dentro de casa cresceu mais que o dos mesmos itens fora do lar, revela pesquisa da LatinPanel. O instituto de pesquisas acompanha semanalmente o consumo de 8,2 mil domicílios em todo o País. De acordo com a pesquisa, o consumo de alimentos, bebidas e lazer dentro do lar aumentou 7,8% em 2008, na comparação com o ano anterior, já descontada a inflação do período. Enquanto isso, a despesa com o consumo desses itens fora de casa foi apenas 3,6% maior no mesmo período. Em 2007, o gasto com esses produtos e serviços dentro do lar havia caído 5,4% ante 2006 e a despesa com alimentos, bebidas e lazer fora de casa tinha crescido 8,5%. "Houve uma inversão. É a volta do consumo ao lar", afirma a diretora-geral da LatinPanel Brasil, Ana Claudia Fioratti. Para ilustrar essa mudança de comportamento, ela ressalta que o número de lares com pacotes de TV por assinatura, internet e banda larga cresceu 140% em 2008. Também o consumo de itens associados ao lazer doméstico, como salgadinhos e sorvetes, por exemplo, aumentou 15% e 14%, respectivamente, nos últimos 12 meses encerrados em março deste ano. Um dado surpreendente é que o Brasil ocupa a terceira posição num ranking mundial de volumes de bens não duráveis comprados pelas famílias nos últimos 12 meses até fevereiro deste ano. Nesse período, os domicílios brasileiros consumiram um volume 2,8% maior de alimentos, bebidas, artigos de higiene e limpeza em relação ao período imediatamente anterior. O País só foi superado pela Polônia (7,5%) e China (3,3%). Segundo Ana Claudia, o volume de consumo de bens não duráveis dentro dos lares brasileiros cresceu 9% no primeiro trimestre deste ano e o desembolso aumentou 15% na comparação com igual período de 2008, apesar da crise. "Os bens não duráveis são os últimos a sofrer com a crise", ressalta ela. A pesquisa aponta que, em volume de consumo, as maiores taxas de crescimento no 1º trimestre foram registradas nos alimentos (11%) e nos artigos de limpeza do lar (11%). Em termos de gasto, as maiores variações ocorreram nos itens de higiene e beleza (23%) e nos artigos de limpeza do lar (17%). A diretora da LatinPanel observa que, com o aperto no crédito, houve uma migração de compras de bens duráveis para os não duráveis, especialmente os artigos de higiene e beleza. "São pequenas indulgências que o consumidor se dá" diz a especialista.

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