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Crise não contaminará economia, afirma Joseph Stiglitz

O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz acredita que os mercados financeiros não querem se preocupar com a crise política do Brasil porque têm interesse de que seja mantido este sentimento de estabilidade A crise Fórum Leia mais

Por Agencia Estado
Atualização:

O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz acredita que os mercados financeiros não querem se preocupar com a crise política do Brasil porque têm interesse de que seja mantido este sentimento de estabilidade. Ao falar para empresários, a convite do Banco Bladex, o economista afirmou que não há nenhuma razão para que a turbulência política contamine a economia porque o Brasil tem hoje instituições econômicas mais fortes do que no passado. Ele admitiu, no entanto, que "tudo por mudar", porque os desdobramentos da crise são incertos e o cenário pode passar por transformações num curto espaço de tempo. Apesar da tentativa dos mercados de formatar as percepções de estabilidade, "tudo pode cair por terra" em função dos desdobramentos dos acontecimentos. Para Stiglitz, este é o preço que um País aberto ao fluxo de capitais externos paga por sua exposição. Assim, os mercados se movem não apenas pela percepção interna como pela externa, o que inevitavelmente leva a um grau de incerteza maior. Ele citou a crise de confiança por que passou o Brasil em 2002 durante o processo eleitoral. Naquele ano, a percepção dos mercados de possíveis mudanças na política econômica levou à fuga de capitais e deterioração dos indicadores domésticos. Duas escolhas Nesse sentido, Stiglitz ponderou que o governo Lula tinha duas escolhas de estratégias a serem seguidas. Na primeira, optaria pela ortodoxia, tentando convencer os mercados de sua escolha, o que faria com que as taxas de juros levassem mais tempo para cair. Essa alternativa traria fluxo de capitais e permitiria o cumprimento de uma agenda política e social no longo prazo. A outra alternativa citada por Stiglitz seria mais agressiva, com uma mudança no programa econômico que poderia limitar a dependência do Brasil ao capital externo. Embora pudesse causar uma reação forte no curto prazo, essa hipótese faria com o Brasil estivesse menos dependente do capital externo. "Ninguém saberia dizer qual seria melhor para o País. Ambas seriam arriscadas. O governo optou pela primeira estratégia", afirmou, ponderando que essa alternativa está demorando para levar à queda dos juros. Em contraponto, ele citou que a economia brasileira foi beneficiada pela alta do preço das commodities no mercado internacional. Agora, ponderou o economista, é preciso acompanhar para saber quão forte é a confiança que os mercados têm no Brasil neste momento "em que as coisas podem ficar piores, ao invés de melhores".

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