PUBLICIDADE

Crise não desestimula fabricantes de avião

Por Agencia Estado
Atualização:

A quebra da Transbrasil, a grave crise financeira da Varig e a queda no fluxo de passageiros verificada este ano, por incrível que pareça, não foram notícias ruins o bastante para afetar os interesses dos principais fabricantes de aviões no Brasil. As quatro grandes empresas do setor - Boeing, Airbus, Bombardier e Embraer -, diante da crise que afeta diretamente os grandes mercados internacionais, continuam a enxergar no País perspectivas de forte expansão da aviação comercial, ainda que nenhum sinal de retomada consistente seja esperado antes do segundo semestre de 2003, pelas expectativas mais otimistas. A Boeing divulgou, na última semana, suas previsões para a indústria da aviação nos próximos 20 anos, que destacam a América Latina como a região de maior desenvolvimento do tráfego aéreo em todo o mundo, num ritmo esperado de 7,9% ao ano, em média, ante uma taxa de crescimento global de 4,9%. E só o Brasil vai responder por 39% da demanda por novos jatos na região, que poderá chegar a 2.107 unidades. Só para o País, segundo o estudo, serão vendidos 800 novos aviões, a um custo estimado em US$ 41 bilhões. "É difícil acreditar hoje, mas os problemas dos países da América Latina são pontuais. Embora o crescimento ainda possa ser pequeno nos próximos anos, depois assumirá um ritmo vigoroso", afirmou o diretor de Marketing da Boeing para as Américas e para as Companhias de Leasing, Drew Magill. Outro dado interessante da pesquisa da Boeing diz respeito à composição das futuras frotas da região: 92% dos novos aviões serão jatos com capacidade para até cerca de 200 passageiros. O que quer dizer que os jumbos darão lugar a aviões de menor porte conferindo às linhas aéreas agilidade para se ajustarem às exigências dos passageiros. Jatos regionais - Essa perspectiva é animadora sobretudo para as fabricantes de jatos regionais, a Embraer e a Bombardier. O presidente da empresa canadense, Robert Greenhill, durante visita ao Rio, na semana passada, comentou que estuda uma ofensiva na América do Sul, avançando além da base mexicana nos próximos cinco anos. A fabricante brasileira tem como principal perspectiva de aumento da presença na aviação comercial do País uma carta de intenções da TAM para a troca de seus Fokker-100 pelos novíssimos Embraer-195, de cerca de 100 assentos, ainda no forno. "Apresentamos uma boa proposta à TAM e mantemos contato permanente", disse o vice-presidente Corporativo e de Relações com o Mercado da Embraer, Antonio Luiz Pizarro Manso. A Embraer também divulgou, na sexta-feira, sua projeção de 20 anos para o mercado aéreo mundial, considerando na análise os jatos de 30 a 120 assentos. A previsão é de que a América Latina adquira 625 dos 8.610 aviões desse segmento vendidos em todo o mundo, o que pode não parecer muito, mas coloca a região empatada com a China no terceiro lugar do ranking dos maiores compradores do mundo, atrás apenas dos EUA e da Europa. O Brasil seria responsável por 40% dessas compras, ou 250 jatos. Substituição - A TAM ainda não se decidiu quanto ao programa de substituição dos Fokkers, embora este ano tenha optado por retirar dos céus metade da frota de 52 desses aviões, mas está recebendo propostas. A Boeing, por exemplo, já tornou público o interesse em atacar a principal cliente da Airbus na América Latina com o modelo 717, o representante da empresa na categoria de 100 assentos. Sua rival européia aposta suas fichas no A-318, cuja proposta também se encontra na mesa do presidente da TAM, Daniel Mandelli Martin, que, a despeito da retração do mercado, está antecipando recebimentos de novos Airbus e ainda irá incorporar 6 aviões à frota este ano. "Acreditamos que temos condições de aumentar nossa participação no País, sobretudo a partir de nossa excelente relação com a TAM", afirmou o diretor de Relações Públicas e com a Imprensa da Airbus, Alain Dupiech, garantindo que a empresa se fará presente em todas as concorrências de companhias de bandeira verde-amarela. O interesse dos fabricantes, especialmente quando as maiores linhas aéreas do mundo reduzem a oferta, era esperado, mas pode significar condições mais atraentes para as companhias que ainda tiverem fôlego quando a recuperação começar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.