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Crise pode levar à recessão nos EUA, admite Meirelles

Para presidente do BC, cenário mais provável é de uma ''''desaceleração moderada'''' da economia mundial

Por Ribamar Oliveira
Atualização:

Embora considere mais provável que a crise do mercado imobiliário dos Estados Unidos provoque uma ''''desaceleração moderada'''' da economia mundial, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu ontem que existe o risco de recessão na economia americana. ''''Se houver uma recessão, teremos um efeito mais forte no resto do mundo, principalmente naqueles países que exportam muito para lá'''', afirmou. ''''Este não é o nosso cenário básico, mas ele pode ocorrer'''', alertou, durante depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Em resposta ao senador Delcídio Amaral (PT-MS), que pediu para o presidente do BC traçar um cenário do futuro da economia, Meirelles disse que ainda há muita incerteza sobre os desdobramentos da atual crise. Ele lembrou que os problemas no mercado subprime de hipotecas não estão restritos aos EUA e não se conhece o nível de contaminação na Europa. ''''Uma surpresa negativa seria que a crise venha a afetar a economia real da Europa'''', observou. Meirelles procurou mostrar que a economia brasileira é hoje mais resistente para enfrentar as turbulências externas. ''''O Brasil não é imune, assim como ninguém é, mas o ponto importante é que o País está muito mais preparado para enfrentar turbulências.'''' Segundo ele, essa solidez resulta de um setor externo saudável e competitivo, com reservas internacionais em US$ 160 bilhões, inflação na meta e contas públicas equilibradas. Para Meirelles, o Brasil vai continuar crescendo em 2008 impulsionado pela demanda interna, com aumento da renda e do crédito. Ele admitiu, no entanto, que pode ocorrer impacto nas exportações brasileiras para os EUA. Mas destacou que as vendas ao mercado americano representam hoje 17% das exportações brasileiras, bem abaixo das de outros países emergentes. Segundo Meirelles, as exportações do Brasil para os EUA já chegaram a 25% do total. ''''A Europa é hoje o nosso principal comprador e o Brasil tem diversificado as suas exportações.'''' Durante o seu depoimento, o presidente do BC disse que a economia brasileira teve um desempenho ''''relativamente melhor'''' do que a maioria dos países emergentes. Para Meirelles, o Brasil passará a ser investment grade num prazo não muito longo. ''''Não é coisa para muitos anos. Está mais para um a dois anos do que de oito a dez anos'''', afirmou.

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