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Crise pode trazer executivos brasileiros de volta ao País

Mesmo com a redução dos salários e bônus, especialistas recomendam cautela na hora de repensar a carreira

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Por Bianca Lima
Atualização:

A crise do sistema bancário americano ganhou proporções mundiais nos últimos meses e já começa a afetar a vida dos brasileiros que trabalham no mercado financeiro. O pacote de socorro aprovado pela Câmara dos EUA na última sexta-feira impõe limites às remunerações dos executivos. Isso indica que o período de grandes salários pode ter chegado ao fim e que o exterior deixa de ser tão atraente a esses profissionais. Entrevistados pelo estadao.com.br, especialistas recomendam cautela aos brasileiros que atuam no exterior. As opiniões convergem para o mesmo ponto: é necessário uma análise cuidadosa antes de antecipar a volta ao País. Veja também: Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise Entenda o pacote anticrise que passou no Senado dos EUA A cronologia da crise financeira  Veja como a crise econômica já afetou o Brasil Entenda a crise nos EUA    Marcelo Braga, sócio da Search RH, afirma que o mercado de trabalho brasileiro também deve passar por uma retração no médio prazo, ocasionada, principalmente, pela escassez do crédito. "Se a crise realmente ocorrer na proporção que está sendo mostrada, dificilmente teremos crescimento suficiente para absorver as pessoas que vem de fora", disse. Por essa razão, sugere prudência aos executivos que conseguiram manter seu posto em bancos e corretoras fora do País. "Eles não devem se precipitar e voltar ao Brasil à procura de uma nova posição", diz. Por outro lado, os profissionais que perderam o emprego em função da turbulência nos mercados encontram no Brasil melhores chances de recolocação. "O setor financeiro brasileiro não tem uma exposição tão grande ao mercado imobiliário. Por aqui, nenhum banco quebrou e as instituições nacionais estão muito fortes", aponta Braga. A consultora de carreiras do Carrer Center, Cláudia Monari, destaca, porém, que esse profissional não pode perder tempo. "Se falarmos de imediato, o mercado aqui está muito bom. Mas, no médio prazo, não podemos dizer que vai continuar da mesma forma", alerta. Em uma tentativa de conter o êxodo dos executivos, a corretora japonesa Nomura Holdings garantiu na semana passada que os funcionários das operações do Lehman Brothers - quarto maior banco de investimentos dos EUA até a concordata - na Ásia continuarão recebendo o mesmo nível de salário. Salários Com a maior oferta de mão-de-obra qualificada e o possível desaquecimento da economia brasileira, os salários no País serão afetados, principalmente os das multinacionais, aponta Braga. "Com o dólar mais caro, executivos aqui no Brasil às vezes ganham mais do que os chefes a quem reportam nos EUA", afirma. Dessa maneira, a crise viria apenas reforçar uma tendência já existente de redução das remunerações. Para Cláudia, no entanto, o valor de mercado do profissional não pode ser cortado de uma hora para outra e o nível de especialização impede quedas bruscas. "O mercado pode até dar uma retraída em termos de salário, mas não poderá contrair muito. Para atuar em um banco desses, o profissional tem que ter um background muito grande", afirma. Novo emprego Especializada no desenvolvimento de carreiras, Cláudia afirma que a experiência no exterior é um diferencial para os executivos que buscam uma recolocação no País. "Se ele é um brasileiro e teve essa oportunidade de expatriação é porque já é um funcionário diferenciado dentro da empresa", diz. Na última sexta-feira, confirmando o cenário internacional, o banco de investimento suíço UBS AG anunciou o corte de mais 2 mil empregos. Com a medida, a instituição reduz a força de trabalho do setor de investimento em cerca de um quarto. No ano passado, já haviam sido demitidos 4.100 funcionários da área. Na busca de um novo emprego, a consultora recomenda foco: "Saber exatamente o que busca é muito importante", diz. Além disso, o profissional deve tentar se vender na sua principal área de conhecimento. "Não pode chegar aqui e pensar: 'Agora eu aceito qualquer coisa porque estou desempregado'", diz.

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