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Crise provoca deflação em eletrônicos

Em um mês, preços caíram até 1,05%, ante inflação de 0,25%

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

O peso da crise, que afeta as compras das famílias por meio do crédito e da renda, já aparece com nitidez em vários preços de produtos e de serviços que compõem o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe). Enquanto o índice de inflação subiu 0,25% na segunda quadrissemana deste mês, ante 0,24% na semana anterior, há produtos como os eletrônicos, aparelhos de imagem e som e equipamentos de informática e telefonia, cujos preços recuaram 1,05%, 0,69% e 0,64%, respectivamente, no período. "Esse é o peso da crise na inflação", diz o coordenador do IPC, Antonio Comune. Como a venda dos bens duráveis depende do crédito que ficou mais restrito e com prazos menores nos últimos meses, a demanda por esses produtos perdeu fôlego e os preços recuaram, especialmente em razão das liquidações e promoções. Com isso, os preços desses produtos foram na contramão do índice geral de inflação, que se manteve positivo no período. "A crise está segurando a inflação", observa Comune. O movimento de queda dos bens duráveis se repete nos serviços pessoais, aqueles que têm suas cotações reguladas apenas pela oferta e demanda. Os preços cobrados pelas cabeleireiras e manicures, por exemplo, caíram 0,12% na segunda quadrissemana deste mês na cidade São Paulo para as famílias com renda média mensal de até 20 salários mínimos ou R$ 9,3 mil por mês, o universo de consumidores no qual o indicador é pesquisado. No caso dos barbeiros, o recuo foi menor, de 0,04%. Comune observa que a demanda por serviços depende da renda. Apesar desta ainda continuar relativamente estável, o aumento do desemprego e o medo do trabalhador de perder o emprego funciona como trava na demanda por serviços. Na segunda quadrissemana do mês, os preços do grupo serviços pessoais ficaram praticamente estáveis, com variação positiva de 0,04%. Mas, na opinião do coordenador do IPC da Fipe, a tendência dos preços dos serviços é de retração. ALIMENTOS Influenciados pela retração na demanda pelas commodities agropecuárias no mercado internacional, preços dos alimentos básicos deram marcha à ré. A cotação da carne bovina, por exemplo, caiu 2,18% na segunda quadrissemana e ocupou a terceira posição no ranking dos produtos com maior queda de preços. Também o feijão e o arroz, com quedas de 9,30% e de 2,03%, respectivamente, lideram a lista dos maiores recuos. Até os aluguéis, que têm contratos reajustados pelo IGP-M, que acumula alta de 8% em 12 meses, dão sinais de fraqueza, observa Comune.

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