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Crise só deve adiar os concursos do Executivo

Medida não atinge cargos estaduais e outros poderes

Por Ana Paula Lacerda
Atualização:

Com o agravamento da crise econômica e frequentes demissões na iniciativa privada, muitas pessoas começaram a ver na carreira pública uma opção para obter estabilidade. "Desde janeiro, vimos um aumento de 30% no número de pessoas interessadas em fazer concursos públicos", diz José Luiz Romero, diretor do curso preparatório Central de Concursos. No entanto, ao fazer o anúncio das medidas para combater a crise e a queda da arrecadação do governo federal, o ministro Paulo Bernardo pareceu jogar um balde de água fria sobre muitos candidatos: afirmou que os concursos programados para este ano e ainda não autorizados seriam adiados, assim como o ingresso dos aprovados que ainda não foram nomeados. Thiago Sayão, diretor do Grupo Abece, que reúne entre outros o curso preparatório Meta e o complexo jurídico Damásio de Jesus, afirma, porém, que os concursos continuarão ocorrendo. "A medida do Ministério do Planejamento atinge apenas os concursos do Poder Executivo Federal. Concursos estaduais, municipais, do Legislativo e do Judiciário vão ocorrer normalmente." Segundo ele, autarquias, Estados e Municípios têm autonomia e realizam seus próprios concursos. "No início do ano passado, o governo federal também anunciou uma suspensão dos concursos no Executivo. E, ao longo do ano, foram criadas 43 mil vagas em concursos do Executivo federal, além de outros poderes", diz Sayão. A informação deixou a advogada Viviane Cáceres mais tranquila. "Minha meta é o Ministério Público. Mesmo que concursos do Executivo sejam adiados, esse deve sair dentro do prazo previsto." Os concursos públicos do Executivo que já haviam sido aprovados para este ano também serão mantidos. Já estão autorizadas 4,5 mil vagas para o Executivo. Os demais, previstos mas ainda não aprovados, serão negociados com os ministérios caso a caso. "Vamos negociar o número de vagas com os ministérios. Não posso dar um critério único porque tem de ver a necessidade de cada órgão", declarou o ministro Paulo Bernardo. "Mesmo com a manutenção, haverá atraso na abertura dos concursos e na posse dos aprovados." "Nesse meio tempo, os estudantes poderão optar pelos concursos estaduais, ou dos outros poderes", diz Romero, da Central de Concursos. "E, para aqueles que queriam vagas no Executivo, o tempo para estudar aumentou." Segundo ele, a média de estudo para aprovação em vagas de nível superior varia entre um ano e meio a três anos. No nível médio, o prazo para preparação vai de seis meses a dois anos. Anualmente, são criadas cerca de 100 mil vagas por ano em concursos públicos das diversas esferas, autarquias e órgãos públicos. O estudante Edgard Conti Júnior não ficou triste com a notícia. "Estava esperando o edital para a Polícia Federal, que sairia no primeiro semestre e agora deve ficar para o segundo", explica. "Vou ter mais tempo para me preparar. Vou estudar até passar."

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