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Cristina convoca governador para negociar com ruralistas

Por MARINA GUIMARÃES
Atualização:

O governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, será o estandarte do governo argentino para tentar abrir uma negociação com os ruralistas. A missão foi dada pela presidente Cristina Fernández de Kirchner, ontem no início da noite. Buenos Aires, junto com La Pampa, concentram 80% da atividade agropecuária do país. A estratégia da Casa Rosada, depois dos tropeços do discurso incendiário de Cristina da última terça-feira, é colocar os governadores à frente das negociações com os agricultores de cada província. Scioli, que regressou de uma visita de três dias ao Brasil, onde levou uma missão empresarial à São Paulo e Rio de Janeiro, vai encabeçar o plano oficial. Com fama de otimista e contemporizador, a primeira declaração do governador foi a de pedir aos dirigentes ruralistas "uma mudança de atitude". Scioli já conversou com os presidentes da Confederação Rural Argentina (CRA), Mario Llambias; da rede de cooperativas Coninagro, Fernando Gioino; e com a Confederação Rural de Buenos Aires e La Pampa (Carbap), Pedro Apolaza. O governador está propondo uma suspensão dos protestos por três dias para buscar uma solução ao conflito. Os ruralistas aceitam o diálogo, mas sem interromper o boicote. O impasse permanece e Scioli continua tentando negociar nesta quinta-feira. "O momento é delicado e estamos tratando de mediar a situação, mas esperamos que nenhum fato novo possa incendiar ainda mais os ânimos", disse uma fonte ligada ao governador, referindo-se ao ato político que o ex-presidente Néstor Kirchner organizou para esta tarde. A fonte disse temer que algum discurso um pouco mais duro por parte de Cristina ou de seu marido Néstor Kirchner possa piorar a situação. Hoje, um grupo de caminhoneiros tentou furar um bloqueio de ruralistas na rodovia nacional 7, na cidade de Laboulaye, no sul da Província (Estado) de Córdoba. Os motoristas cercaram uma caminhonete, atacaram um acampamento ao lado da rodovia e houve confronto com os produtores rurais. Um caminhoneiro ficou ferido. Quando o confronto ficou sério a polícia, que observava à distância, interferiu e separou os dois grupos. Os caminhoneiros não conseguiram furar o bloqueio e a tensão no local continua. O locaute começou há 15 dias e as filas de caminhões são enormes em cerca de 400 rodovias e estradas do país. Paralelamente aos confrontos, o governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, negou em comunicado informações de que ele seria um dos mediadores escolhidos pela presidente Cristina Kirchner para negociar com os ruralistas. As versões oficiais também diziam que o ministro do Interior, Florencio Randazzo, estaria negociando uma trégua com os agricultores.

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