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Críticas aos reajustes de administrados e risco para inflação em 2006

Por Agencia Estado
Atualização:

Crítico das regras de reajuste dos preços administrados pelo Índice Geral dos Preços de Mercado (IGP-M) desde a época em que coordenava o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituo de Pesquisas Econômicas (Fipe), o presidente do Conselho Regional de Economia, Heron do Carmo, interpretou como "ousadia técnica" o documento da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, que admite falhas nas regras. "O documento reflete uma ousadia do corpo técnico da Fazenda que conseguiu romper uma barreira política", disse Heron, satisfeito com a divulgação do documento. Segundo ele, a escolha do IGP-M, para o reajuste das tarifas de serviços, facilitou a venda das empresas estatais. "Houve uma tentativa de colocar essa história embaixo do tapete", acrescentou. Nos últimos anos, o peso dos preços administrados superou o dos preços livres e foi o principal responsável pela trajetória crescente dos índices de inflação brasileiros. "Reconhecer esse erro agora tanto faz, porque Inês é morta." A partir do reconhecimento da Fazenda, de que é preciso continuar aprimorando o processo de regulação, Heron espera que o governo proponha a elaboração de índices específicos para cada setor, como energia e transporte urbano. Até agora, o setor de telecomunicações é o único a ter índice próprio. "Trata-se de uma excrescência", criticou Heron, sugerindo que o índice seja revisto em nome "da boa ciência". Inflação em 2006 O campo político é o que traz hoje o maior risco para a inflação de 2006, na avaliação do coordenador do IPC da Fipe, Paulo Picchetti. Ele prevê que o índice encerre o ano em 4,5%, praticamente idêntico ao de 2005, que ficou em 4,53%. "A nossa projeção fecha muito bem se analisarmos apenas os fundamentos econômicos. Porém, este é um ano eleitoral", ponderou. Segundo Picchetti, não há previsão de nenhum sobressalto para a economia doméstica. "O cenário externo também parece tranqüilo", considerou. Mesmo a possibilidade de uma alta do câmbio, se for gradual conforme esperam os agentes do mercado, será absorvida paulatinamente pelos preços, na avaliação do coordenador. A incerteza provém, assim, da área política. "O que a gente espera é que o processo político não contamine a inflação, mas ao analisarmos o passado recente vemos algo diferente", salientou, referindo-se principalmente à eleição do presidente Lula, que interferiu fortemente na economia ao final de 2002.

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