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CSN vê retomada do mercado de aço e anuncia contratações

Empresa contratou 700 empregados em julho e prevê mais 200 vagas até outubro

Por Monica Ciarelli (Broadcast) e Natalia Gomez
Atualização:

O lucro de R$ 335 milhões registrado pela Companhia Siderúrgica Nacional no segundo trimestre representou queda de 68% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, apesar do recuo, a direção da empresa enxerga nos números do balanço sinais consistentes de recuperação na demanda por produtos siderúrgicos. De olho no cenário mais favorável, a CSN contratou em julho 700 funcionários e espera abrir mais 200 vagas até outubro. No auge da crise internacional, quando houve uma forte retração nas vendas de produtos siderúrgicos, a CSN chegou a demitir cerca de mil trabalhadores. Desse total, 411 pessoas já voltaram à ativa na usina de Volta Redonda (RJ). Segundo o diretor comercial da empresa, Luís Fernando Martinez, esse aumento se deve ao fato de a companhia ter voltado a operar a plena capacidade, com a entrada em atividade do alto-forno 2, parado para reforma entre maio e junho. Apesar das dúvidas em torno da manutenção pelo governo da isenção ou redução do IPI, o executivo acredita que a demanda deve continuar forte no segmento automobilístico e de linha branca. "Estamos em uma situação privilegiada", afirmou. Segundo ele, com a volta do alto-forno, a empresa poderá aproveitar essa recuperação do mercado interno para ganhar participação. Martinez calcula que a empresa deve registrar vendas na casa dos 1,2 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos no terceiro e quarto trimestre, acima do patamar de 947 mil apurado no segundo trimestre. "Se as exportações também crescerem, as contratações podem ser maiores." O grupo também tem planos de aumentar o número de trabalhadores na Namisa, empresa onde a CSN tem 60% de participação. A expectativa é contratar 800 pessoas para a unidade da Namisa em Congonhas (MG). O quadro de recuperação levou a empresa até a estudar a possibilidade de investir em uma frota de navios para atender à demanda de minério de ferro da China. No segundo trimestre, a empresa vendeu quatro milhões de toneladas de minério, volume 25,92% inferior aos 5,2 milhões de toneladas apurados no primeiro trimestre deste ano e ainda 2,43% abaixo do registrado no período de abril a junho de 2008. A retração, segundo a empresa, ocorreu pela menor oferta de navios no mercado internacional entre maio e junho, o que prejudicou a comercialização dos produtos fora do Brasil. Segundo o diretor executivo de mineração da CSN, Juarez Saliba, a empresa deve bater o martelo sobre a questão até o fim do ano. SINAIS Com os balanços das três grandes siderúrgicas de capital aberto do País - Usiminas, Gerdau e CSN - já divulgados, executivos do setor e analistas financeiros já enxergam nos números de todas as companhias sinais efetivos de recuperação na demanda. O otimismo tem como pano de fundo a maior demanda da indústria e a redução dos estoques de aço em toda a cadeia, o que ajudou a impulsionar as vendas das siderúrgicas entre abril e julho. O melhor desempenho ficou com a CSN, que registrou no segundo trimestre um crescimento de 47% nas vendas na comparação com o trimestre anterior. Segundo os analistas de mercado, o resultado das empresas ainda está muito longe dos níveis de 2008, mas as perspectivas anunciadas neste trimestre foram animadoras. Depois de uma queda de preço de 9% a 14%, as companhias preveem estabilidade do preço do aço no mercado interno, mas tanto a Usiminas quanto a CSN enxergam um viés de alta para os preços nos próximos meses. Este otimismo se baseia no aumento gradual dos preços do aço no mercado externo, que dará mais conforto para reajustes internos. Para o analista do banco Sicredi, Carlos Kochenborger, o pior já passou para a indústria siderúrgica, embora ainda existam muitas dúvidas sobre quanto tempo levará para que o setor retome os níveis de 2007 e 2008. "Não se tem uma ideia exata do que é recuperação e o que é recomposição de estoques", disse.

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