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Cultura de grãos puxa venda de fertilizantes

Setor vendeu 9,4 milhões de toneladas no primeiro semestre, volume 62% superior a igual período de 2006

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara e Agnaldo Brito
Atualização:

A mudança no ânimo dos produtores de grãos fica nítida no desempenho da venda de insumos até agora. No primeiro semestre, a indústria de fertilizantes, por exemplo, vendeu 9,4 milhões de toneladas de adubos, um volume 62% maior na comparação com o mesmo período de 2006. "Este foi o melhor primeiro semestre da indústria de fertilizantes", diz o diretor-executivo da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher. Ele observa que uma parte desse crescimento se deve à base fraca de comparação. "No primeiro semestre de 2006 havia muito ceticismo em relação ao agronegócio, quadro exatamente inverso do que ocorre hoje." Também uma parcela desse total de adubos, entre 1,4 milhão e 1,6 milhão de toneladas, se refere à antecipação de compras de produtores para escapar do risco de aumento de preços, diante da demanda aquecida por fertilizantes. Neste ano, os preços dos adubos subiram em média entre 30% e 40%, segundo o gerente comercial de Insumos da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá (PR), Reinoldo Martiniano da Rocha. Daher lembra que os problemas de transporte também contribuíram para a antecipação de compras. Mas o fator mais importante para o aumento das vendas foi o preço excepcional das commodities. A soja deve responder neste ano por cerca de 35% dos volumes comercializados de adubos, uma fatia ligeiramente maior do que em anos anteriores. Já o milho deve ficar na vice-liderança no consumo de adubos, seguido pela cana, diz o diretor da Anda. O otimismo do campo também fez os fabricantes de máquinas agrícolas ampliarem a expectativa de crescimento de vendas para este ano de 25% para 28,5% em número de equipamentos ante 2006, segundo Milton Rego, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e diretor da CNH. Rego conta que a sua empresa contratou no primeiro semestre 477 trabalhadores na unidade de Curitiba (PR), onde são fabricados tratores e colheitadeiras, para atender à demanda. "A recuperação do mercado de grãos para exportação, especialmente no Sul, é um fator que puxa o crescimento na venda de máquinas", diz o diretor. Ele pondera que a mecanização na cana é ainda muito pequena para explicar o bom desempenho das máquinas neste ano. De toda forma, ele observa que a base de comparação também é fraca. Por conta da crise da agricultura de grãos, os volumes vendidos de máquinas agrícolas em 2006 foram muito pequenos, se comparados às vendas anuais entre 2002 e 2004. No ano passado, foram vendidas 1.030 colheitadeiras e 20,4 mil tratores agrícolas. Entre 2002 e 2004, o mercado brasileiro absorveu 30 mil tratores por ano e 5,5 mil colheitadeiras, segundo dados da Anfavea.

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