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Cursos ensinam a administrar dinheiro

Ter tino para negócios ou conseguir organizar o orçamento doméstico não são dons pessoais. Saber usar bem o dinheiro pode, sim, ser aprendido, e já na infância. Quem defende esse ponto de vista é a cientista política Cássia D´Aquino.

Por Agencia Estado
Atualização:

A educação financeira vem ganhando espaço nos meios acadêmicos e é um assunto abordado com particular interesse por psicólogos, acostumados a tratar nos consultórios pacientes com distúrbios relacionados a dinheiro. Também inspirou política de ensino em alguns países, como a Inglaterra, que recentemente tornou a educação financeira obrigatória. A cientista política Cássia D´Aquino tornou-se pioneira no País na elaboração de um projeto de educação financeira que vem sendo aplicado em um número crescente de escolas públicas e privadas. Cássia também dá palestras e mantém o site Educação Financeira (veja link abaixo) com informações voltadas principalmente para pais e educadores. "O interesse é cada dia maior", diz. "Hoje, fazer boa faculdade não é mais garantia de sucesso. Há profissionais preparadíssimos que são um fracasso financeiramente." Segundo ela, educar para lidar com dinheiro não tem apenas como objetivo formar bem-sucedidos homens de negócios, mas pessoas que saibam economizar e tratar de forma ética o trabalho. "Aprende-se também a fazer escolhas e a ser responsável, o que é importante para todos os aspectos da vida", diz. Para a cientista, entre as lições básicas que podem ser dadas a partir dos dois anos estão a importância de poupar, saber diferenciar entre o que se gasta por necessidade e por outros motivos e entender como o dinheiro é ganho. O alvo é tanto pessoas que têm muito como as que têm pouco, acredita ela. "O office-boy que gasta todo o salário do mês em um tênis é exemplo de ausência de educação financeira." Em São Paulo, educação financeira foi adotada pioneiramente pela Escola Pacaembu. "Queríamos abordar o tema do consumismo desenfreado, tão atual, e incluímos no currículo aulas de educação financeira", diz Vera Bonassé, uma das sócias. Lá, crianças de três anos aprendem a fazer compras, exigir troco e guardar o que sobra. O médico Bruno Molinari, especializado em Medicina do Esporte, foi convidado pelo Banco do Brasil para formar uma equipe de profissionais para orientar os jovens clientes do BB. "Ensinar o uso responsável do dinheiro é tão importante quanto ensinar a usar camisinha", acredita.

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