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Custo da captação mostra maior confiança externa

O Brasil captou US$ 1,5 bilhão em bônus soberanos com prazo de 30 anos na semana passada, pagando 5,875% ao ano, menos do que na colocação de papéis de 10 anos, em março, com remuneração anual de 6,125%. É um sinal do aumento recente da confiança no País, já visível na diminuição da taxa do seguro contra o risco de calote medido pelos CDS (Credit Default Swaps), de 286 pontos no dia 21/7, depois de ter passado dos 500 pontos no início do ano.

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Por Redação
Atualização:

Como notou Alexei Remizov, um executivo do HSBC, banco que coordenou a colocação dos papéis brasileiros ao lado do Deutsche Bank e do Goldman Sachs, “o investidor estrangeiro retomou a confiança na estabilidade política e econômica, o que levou ao sucesso da operação”.

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Com reservas de US$ 376 bilhões e crescente melhora das contas cambiais, o Tesouro não precisaria tomar recursos externos. A colocação pretende oferecer um parâmetro para as captações das empresas, que voltaram a crescer no primeiro semestre.

O custo da colocação ainda deve ser visto como muito alto, comparado ao de 5,131% ao ano em 2014 na emissão de papéis Global 2045 e ainda mais ao de 4,694% ao ano em 2011, para títulos igualmente vencíveis em 30 anos. O spread foi de 357,20 pontos-base acima dos títulos do Tesouro norte-americano de mesmo prazo, segundo o Ministério da Fazenda. O custo se deve à perda do grau de investimento em 2015, conforme a classificação das principais agências de rating.

Se (e quando) o Brasil recuperar o grau de investimento, o que dependerá de uma política macroeconômica bem-sucedida no longo prazo, os investidores nos papéis brasileiros poderão auferir bons resultados com a valorização dos títulos. Ao que tudo indica, muitos aplicadores externos apostaram nisso: a demanda pelos papéis foi de US$ 6 bilhões, quatro vezes superior ao colocado. E foi diversificada com a venda de papéis brasileiros nos Estados Unidos, Europa, Ásia e Oriente Médio.

Após o fechamento do mercado para o Brasil em 2015, o País voltou a se beneficiar com a elevada liquidez internacional. Ganhou, ainda, comparativamente a outros mercados, como o da Turquia, envolta em grave crise institucional.

No ano, até 8/7, as empresas brasileiras captaram US$ 13,35 bilhões no mercado global. O que se pode esperar é um aumento ainda maior dessa demanda com o impeachment e a aprovação das medidas de austeridade fiscal em pauta.

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