Publicidade

Custo de geração de energia no País supera o vigente nos EUA

A observação é do professor do Instituto de Economia da UFRJ e integrante do o Conselho de Energia da Firjan, Adilson de Oliveira

Por Agencia Estado
Atualização:

O custo de geração de energia elétrica no Brasil está mais alto do que o vigente nos Estados Unidos, invertendo uma situação histórica. A observação é do professor do Instituto de Economia da UFRJ, Adilson de Oliveira, em entrevista à Agência Estado. "Acabei de chegar dos Estados Unidos e lá os custos de geração estão em torno de US$ 55 por MW/h e a matriz energética é basicamente térmica. No leilão de ontem (terça-feira), realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as térmicas venderam energia por cerca de US$ 62 o MW/h, ficando acima do praticado na maior economia do mundo. Sempre tivemos energia mais barata do que nos EUA e agora a situação está se invertendo, o que me preocupa", afirmou. Outro ponto que preocupa Oliveira, que integra o Conselho de Energia da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), é que o governo está firmando contratos de longo prazos (15 anos para térmicas e 30 anos para hidrelétricas), num momento em que os juros no Brasil estão muito elevados. Como o custo do capital é uma das variáveis mais relevantes num projeto de energia de grande porte, o risco "é carregar todo esse custo elevado, ao longo de toda a duração do projeto", complementou. Oliveira lembrou que nos Estados Unidos as taxas de referência dos títulos do governo estão em 5,25% ao ano e no Brasil em torno de 14,25% ao ano (taxa Selic). "Há um consenso de que os juros atuais estão muito acima do ponto de equilíbrio", complementou. As questões ambientais, igualmente, preocupam Oliveira, especialmente porque o Brasil começa a explorar mais a Amazônia nos projetos hidrelétricos. "É uma região que temos pouco histórico e não sabemos ao certo os verdadeiros custos ambientais. A única certeza que temos é são desconhecidos e podem ser muito elevados", observou. Ele sugere, inclusive, que o governo deveria criar um "fundo ambiental" que viabilizasse a redução dos riscos para os empreendimentos na região. Em vista disso, o especialista está vendo como "inevitável" que a geração de energia elétrica no Brasil seja cada vez mais de origem térmica. O problema é qual o combustível que será utilizado, já que o País tem registrado carência de gás natural. "Se a nova geração for baseada em óleo diesel ou óleo combustível, a tendência é que a energia elétrica no Brasil seja ainda mais cara do que o patamar atual", constatou. Ele ficou igualmente apreensivo com o volume total leiloado ontem, em torno de 1.104 MW médios. "É muito abaixo de todas as projeções feitas por diversos especialistas, inclusive o governo", resumiu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.