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Custos de desastre da Samarco podem ser divididos entre Vale e BHP

Vale não calculou gastos, mas apura caso de forma independente, segundo o presidente da empresa

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e correspondente
Atualização:

NOVA YORK - Caso a Samarco não consiga arcar com os custos do desastre ocorrido em Minas Gerais, a Vale e a BHP, os acionistas controladores da empresa, vão dividir os custos em partes iguais, afirmou o consultor geral da Vale, Clovis Torres, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira, 1º. "Imagino que vamos dividir os custos", disse.

Clovis disse que não se tem um número de eventuais custos e gastos, seja por uma ordem judicial ou uma multa do governo. O consultor disse, entretanto, que a Samarco não é "uma empresinha qualquer, não é um botequim", mas uma companhia de US$ 10 bilhões e que fatura US$ 2 bilhões por ano. Sobre aumento de provisões no balanço da Vale, o executivo disse que enquanto não se tiver uma ideia mais clara dos valores envolvidos, não se fará provisão.

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A Vale está investigando o caso de forma independente e vai levar o "tempo necessário" para apurar e ter convicção dos responsáveis pelo caso, disse na mesma entrevista o presidente da companhia, Murilo Ferreira. "Ainda não transcorreu um mês do evento. A principal preocupação tem sido humanitária", disse.

O presidente da Vale começou a coletiva falando do acidente em Mariana (MG), assim como iniciou a apresentação para investidores, ressaltando as mortes, os desabrigados e os "efeitos importantes" no meio ambiente. "Temos convicção de que o time da Vale dará todo o apoio para a Samarco", afirmou.

A empresa ainda não foi notificada oficialmente sobre a ação judicial movida pelo governo e não sabe sobre seu conteúdo, disse o executivo. A Advocacia Geral da União quer a criação de um fundo de R$ 20 bilhões pela Vale, a BHP e a Samarco e deu entrada com uma ação na segunda-feira, 30. Ferreira disse que ficou sabendo mais detalhes da ação por meio da imprensa.

A Vale, garantiu ele, já se preocupava com o rio Doce, que já estava bastante deteriorado, antes do acidente com a barragem. Murilo contou que fez uma longa viagem pelo rio no ano passado. "É um rio que é parte da história da Vale."

Questionado por um jornalista sobre se o fato de o rio já estar degradado antes do rompimento da barragem iria ser usado como uma justificativa pela empresa para minimizar o impacto do evento, Ferreira afirmou que não. "O evento que é de responsabilidade da Samarco é um evento, a situação dramática em que se encontrava o rio é outro." 

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Mercado financeiro. Perguntado sobre a forte queda das ações da Vale, Ferreira avalia que os papéis das mineradoras de todo o mundo estão em queda. O executivo contou que quando assumiu a companhia, em 2011, o preço da tonelada do minério de ferro estava em US$ 191 e agora está no patamar de US$ 40. "É uma queda muito substancial", disse citando ainda os preços de outros produtos, como o cobre, o níquel e o petróleo.

O presidente da Vale também vê influência do acidente em Minas nos preços dos papéis nos últimos dias. "Certamente teve impacto nas nossas ações e na BHP", completou.

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