Ainda não se sabe se há algum executivo da Suzano Petroquímica ou da Petrobras envolvido no vazamento de informações na venda do controle da petroquímica para a estatal. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira, 8, pela presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana. O vazamento destas informações beneficiou dois investidores que compraram ações preferenciais da Suzano Petroquímica adquiridas antes do anúncio da venda da empresa e novamente negociadas após a divulgação da transação. Em função desta suspeita, a juíza federal do Rio de Janeiro Maria Senos de Carvalho bloqueou o ganho destes investidores. Petrobras paga R$ 2,1 bi por 76,1% da Suzano Petroquímica CVM obtém liminar bloqueando ações de investidores da Suzano Maria Helena disse ainda que na relação encaminhada pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com o nome dos investidores que operaram com ações da Suzano não consta nenhum executivo da linha de frente das empresas. Entretanto, ela lembra que durante as investigações pode aparecer o nome de outros executivos que participaram das negociações. A lista completa de quem integrou a equipe que fechou a compra do controle da Suzano Petroquímica pela Petrobras deve chegar às mãos da CVM até amanhã. A presidente ressaltou que a intenção é manter parceria com o Ministério Público nos casos de investigação de "insider Information". Segundo ela, o bloqueio será o procedimento sempre que for possível identificar com "absoluta clareza" a suspeita de uso de informação privilegiada ou que exista risco de os recursos obtidos com a operação deixarem o País, o que prejudicaria o efeito de uma ação civil pública indenizatória. Investigações A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, requerimento do deputado João Almeida que convoca o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a comparecer a uma audiência pública, na comissão, com o objetivo de pronunciar-se sobre o processo de compra da Suzano Petroquímica pela estatal. Os deputados aprovaram ainda a realização de audiência pública, com a mesma finalidade, a partir de requerimento do deputado Arnaldo Jardim. Nessa audiência, há solicitação das presenças, além do presidente da Petrobras, do ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner; da presidente do conselho de administração da estatal, Dilma Rousseff; do diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa; da presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Maria Helena Santana; e de diretores do Grupo Suzano. Investidores suspeitos De acordo com a autarquia, os autores dos negócios suspeitos são uma pessoa física e uma sociedade estrangeira. No caso da pessoa física, segundo a CVM, as ações da Suzano Petroquímica foram adquiridas na manhã do dia em que a venda da empresa foi anunciada. Após a reabertura dos negócios com os papéis da companhia, as ações foram vendidas com lucro superior a R$ 300 mil. "O mesmo investidor havia também comprado ações a termo, o que irá lhe proporcionar lucro expressivo de cerca de 520 mil reais", afirma a nota. No caso da sociedade estrangeira, os papéis da Suzano Petroquímica foram adquiridas no dia 23 de julho e toda a posição do grupo na empresa foi novamente negociada após a reabertura dos negócios com lucro de R$ 700 mil. "Este investidor também não havia negociado com as ações preferenciais da Suzano Petroquímica em nenhum momento anterior, no ano de 2007", disse a CVM, que acrescentou que o processo corre sob segredo de Justiça e que os nomes dos investidores não serão revelados até o final das investigações.