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CVM dispensa 4 gestores de revelar dados de fundos

Dynamo, Bradesco, Fama e IP são dispensados pela CVM de revelar dados sobre fundos de ações. Autarquia aceitou argumento de que a abertura de dados compromete a estratégia de longo prazo com papéis de baixa liquidez.

Por Agencia Estado
Atualização:

Um grupo de quatro administradoras de recursos conseguiu dispensa da obrigação de tornar pública, no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a carteira de alguns de seus fundos de investimento em ações. A autarquia aceitou o argumento dos gestores de que a abertura de dados compromete a estratégia de longo prazo com papéis de baixa liquidez. A medida beneficiou a Dynamo Administradora de Recursos, Bradesco Templeton, Fama Investimentos e Investidor Profissional (IP). As instituições enviaram carta à CVM, solicitando que o prazo mínimo para a divulgação da carteira de determinados fundos na internet fosse elevado de 15 para 90 dias. A autarquia acatou o pedido e, como a entrega de dados começou há cerca de 90 dias - uma conquista da CVM para ampliar a transparência desse mercado -, os arquivos com os papéis que compõem os fundos dessas administradoras foram retirados do ar. "A decisão foi tomada para não expor o trabalho do administrador que entra em papéis de pouca liquidez", explicou o superintendente de relações com investidores institucionais da CVM, Carlos Sussekind. "Demos uma autorização provisória, até que haja uma posição final sobre o assunto." A Dynamo, a Bradesco Templeton e a Fama souberam da exclusão de dados da página da CVM pela Agência Estado. "Estou surpreso positivamente", disse o sócio-diretor da Fama, Fábio Alperowitch. Ele argumenta que a carteira de seus fundos demora para ser formada ou alterada, pois as apostas são de longo prazo e envolvem ações com reduzido número de negócios na Bolsa. "À medida que a carteira é aberta, alguém pode adotar a mesma estratégia ou correr na frente para comprar determinado papel, o que pode prejudicar a gestão e, conseqüentemente, os cotistas", disse Alperowitch. Sussekind, da CVM, pensa da mesma forma. Para ele, risco semelhante não ocorre nos fundos que operam papéis de alta liquidez. A Dynamo e a Bradesco Templeton apresentaram as mesmas justificativas da Fama. "Pleiteamos uma defasagem maior para a divulgação ao mercado, mas nossos cotistas continuam com acesso irrestrito às informações", destacou o sócio da Dynamo Felipe Campos. "Se terceiros tiverem acesso muito facilitado aos dados, os cotistas podem ser penalizados devido ao perfil do fundo", completou o diretor de investimentos da Bradesco Templeton, Mauro Cunha. Sussekind, da CVM, disse estar preparado para eventuais novos pedidos. "A linha mestra da autarquia é a transparência. Se alguém mais pedir, vamos examinar se o caso é semelhante."

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