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CVM investiga movimento de ações da Mundial

Ações da fabricante de tesouras e talheres caíram 86% em três dias, após acumular ganho de 2.477% no ano

Por Vanessa Stecanella e Luciana Collet (Broadcast)
Atualização:

As ações da Mundial, fabricante de produtos como tesouras e talheres, registraram ontem o terceiro dia consecutivo de queda na Bovespa. O papel preferencial (PN, sem direito a voto) recuou 63,68%. Já a ação ordinária (ON, com direito a voto) caiu 76,38%. Desde quarta-feira, a ação PN já acumula perda de 86,49% e a ON caiu 86,6%, quando começaram a circular notícias de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estaria investigando operações com esses papéis. A desvalorização acontece após o papel ON ter acumulado ganhos de 2.477% no ano, enquanto o PN avançou 1.315%. Essa alta foi estimulada principalmente após notícias de reestruturação da companhia e migração para o Novo Mercado da Bolsa, além de rumores de que a empresa deveria ser vendida. Segundo agentes de mercado, o volume médio diário de movimentação das ações preferenciais da companhia, pouco significativo até o início do ano, teve uma escalada principalmente a partir de abril, quando movimentou, em média, cerca de R$ 60 milhões, passando para aproximadamente R$ 90 milhões em maio e R$ 150 milhões em junho, em linha com papéis de grande peso, como Petrobrás ON. Por conta disso, inclusive, algumas corretoras passaram a estimar que o papel PN poderia até fazer parte da próxima carteira do Ibovespa, que valerá entre setembro e dezembro.Em nota à Agência Estado, a CVM confirmou que vem acompanhando as oscilações de preço e volume das ações de emissão da Mundial. Segundo a autarquia, o acompanhamento se iniciou em abril, quando a negociação com esses papéis atingiu grandes proporções. A CVM disse que houve "valorização dos preços e significativa quantidade de ações negociadas - em volume superior, inclusive, à quantidade de ações preferenciais emitidas pela companhia em um único pregão." Segundo a CVM, "o acompanhamento já deu causa ao início de uma apuração de possíveis irregularidades."Carta. De acordo com operadores, a queda das ações teria se intensificado após divulgação de uma carta, que circulou pelas mesas de operações, pedindo a investigação de informação privilegiada nos negócios com papéis da Mundial à CVM. O documento destaca que alguns agentes, após adquirirem muitas ações da companhia no mercado e sem conseguir negociá-las, teriam se aproximado da direção da companhia, beneficiando-se de informações privilegiadas para obter ganhos com o papel. Em entrevista à Agência Estado, Michael Ceitlin, presidente da Mundial, afirma que o autor das "falsas acusações na carta" faz uso de informações públicas para incriminar a companhia. "Esse documento apócrifo deve ser ignorado", disse. Segundo o executivo, desde abril a companhia realiza trabalho de aproximação com o mercado, conjuntamente com ações para reduzir sua dívida fiscal e melhorar a governança corporativa da empresa, o que teria atraído interesse de novos investidores. "A CVM está sendo informada de todas as atividades da companhia." Para ele, a desvalorização das ações nos últimos dias está relacionada ao esclarecimento de rumores sobre a venda da companhia. Segundo o executivo, uma parcela do mercado continuou apostando nesse boato e acabou se decepcionando quando a empresa anunciou contrato com um fundo estrangeiro, na última segunda-feira. "Os boatos sobre a venda foram desarmados com a entrada do fundo", acredita Ceitlin. A companhia informou contrato de subscrição de ações com preço diferido com o fundo americano YA Global Investments. Pelo acordo, o fundo tem obrigação firme de subscrever até US$ 50 milhões em ações em emissão privada, em tranches durante o período de dois anos, sujeito ao direito de preferência dos acionistas. / COLABOROU SABRINA VALE

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