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CVM julga o empresário Maioline, o ‘Madoff mineiro’

Ele aplicou o chamado golpe da pirâmide em cerca de 2 mil investidores; prejuízo aos envolvidos pode chegar a cerca de R$ 100 milhões

Por Mariana Durão e da Agência Estado
Atualização:

Atualizado às 12h10 

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RIO - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) julgará na tarde desta terça-feira Thales Emanuelle Maioline, ex-proprietário da Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros. O empresário, que está preso, ficou conhecido como o "Madoff mineiro" por ter aplicado o chamado golpe da pirâmide em cerca de 2 mil investidores. O prejuízo aos envolvidos pode chegar a cerca de R$ 100 milhões.

O esquema financeiro criado por Maioline em Belo Horizonte durou de 2006 até junho de 2010. Naquele mês, a CVM disparou um alerta de "atuação irregular" avisando que a Firv e seus sócios não estavam autorizados a operar no mercado. Após o comunicado, um dos investidores fez uma tentativa frustrada de sacar R$ 3 milhões e expôs o rombo.

A base do golpe era a promessa de ganhos fáceis a clientes de cerca de 14 cidades mineiras. Para atrair as vítimas, o empresário oferecia cotas de participação por meio do intitulado Fundo de Investimento Capitalizado (Ficap). As cotas variavam entre R$ 5 mil e R$ 5 milhões, com investimento mínimo de R$ 2,5 mil. O fundo prometia rentabilidade de 5% ao mês, bem superior à média do mercado.

De acordo com o estatuto social do clube de investimentos, a Ficap faria aplicações em ações e/ou bônus de subscrição e/ou debêntures conversíveis em ações de emissão de companhias abertas; cotas de fundos de renda fixa e títulos de renda fixa, entre outros. O contrato dispensava realização de assembleia geral ordinária anual.

A chave do sucesso do negócio era amealhar constantemente novos investidores para o Ficap. Com os aportes dos clientes recém-chegados, Maioline remunerava os cotistas mais antigos. O estratagema é semelhante àquele operado por Bernard Madoff, operador de Wall Street, que em 2010 revelou uma fraude bilionária em prejuízo de investidores americanos.

Além de Maioline, serão julgados sua irmã, Iany, e seu sócio Oseias Marques Ventura. O exercício irregular de atividade financeira é crime contra o mercado de capitais. Além de multa, os responsáveis podem ser punidos com pena de detenção de até dois anos. O julgamento será o último de Maria Helena Santana como presidente da CVM, já que seu mandato termina em 14 de julho.

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No campo penal, Thales Maioline pode ser punido com até 14 anos de prisão. Ele é acusado pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e falsificação de documentos.

Após protagonizar uma inusitada tentativa de fuga, com direito a acampamento na Amazônia, ele segue detido desde dezembro de 2010 no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp), na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

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