A diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Norma Parente, acredita que o lançamento do novo mercado de ações na Bolsa de Valores de São Paulo pode ser o chamariz que faltava para despertar os investidores nos próximos anos. Na avaliação da diretora, faltam empresas no mercado de capitais brasileiro onde os acionistas possam aplicar recursos. O novo sistema que está sendo desenvolvido pela Bovespa tem como regra principal a proteção dos direitos do acionista minoritário e segue na mesma direção das reformas propostas pela nova Lei das Sociedades Anônimas, que tramita no Congresso Nacional. A idéia é criar um mercado à parte, onde só as empresas que concordem em seguir regras diferenciadas possam participar. Na semana passada, a votação da Lei das S/A foi adiada novamente na Câmara. Norma Parente, que representou a CVM no Congresso, conta que já esperava pelo atraso no cronograma. Apesar da decisão agora ter ficado para outubro, a diretora ainda acredita em uma aprovação da lei este ano. Otimista com a implementação do novo sistema da Bovespa, a executiva lembrou que um estudo da autarquia revela que o valor das empresas no Brasil poderia ser 22% superior aos patamares atuais se o mercado respeitasse mais o acionista minoritário. Não se espera um grande migração das empresas para esta bolsa, que impõe regras mais rigorosas na publicação de balanços e uma maior transparência no relacionamento com investidores. Segundo ela, o investidor vai optar pelas companhias que atenderem essas exigências. O maior volume de negócios com o papel será o prêmio que o investidor dará para as empresas.