A área técnica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pediu hoje informações à Sadia sobre a valorização das ações da empresa e da Perdigão na semana passada. No período, o Ibovespa - índice que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) - recuou 2,1%, enquanto as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Sadia subiram 8,2% e as ordinárias (ON, com direito a voto da Perdigão dispararam 13%. Faz parte dos procedimentos normais da autarquia a análise de movimentações atípicas de papéis na Bovespa. O anúncio da oferta da Sadia pela Perdigão estava previsto inicialmente para o meio desta semana, mas foi antecipado devido à movimentação das ações. A Sadia quer comprar 100% das ações da Perdigão por R$ 3,7 bilhões e tornar-se um grande competidor mundial na produção de carnes e suínos industrializados. O objetivo é enfrentar gigantes do setor, como a americana Tyson Foods, que fatura US$ 26 bilhões e ameaça chegar ao Brasil. Hoje a empresa fez uma oferta pública de mercado para adquirir no mínimo 50% mais uma das ações da Perdigão. É a primeira vez no mercado brasileiro que uma companhia faz uma oferta pública por outra. A Sadia está disposta a pagar R$ 27,88 por ação, o que representa um prêmio de 35% sobre a média dos preços dos papéis da Perdigão nos últimos 30 dias, conforme a regra acertada com a entrada da empresa no Novo Mercado Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A maior parte dos recursos (R$ 2,7 bilhões) virá de um empréstimo do banco ABN Amro. A Sadia tem mais R$ 1 bilhão em caixa para usar na proposta. O prazo máximo para que os acionistas da Perdigão dêem sinal verde à transação é 24 de outubro. Se o negócio se confirmar, nascerá uma gigante do setor de aves e suínos, com receitas líquidas de R$ 12 bilhões, 26 fábricas, 81 mil funcionários e 16 mil produtores integrados. Metade do faturamento da nova companhia virá das exportações. Atualmente, tanto Sadia como Perdigão exportam para cerca de cem países.