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CVM quer clareza nas informações

As empresas que divulgam comunicados com pouca clareza nas informações vão estar na mira da CVM. Segundo a autarquia, a linguagem muito técnica utilizada - jurídica e contábil - dificulta a compreensão do que é realmente importante.

Por Agencia Estado
Atualização:

A clareza e a didática passam longe dos fatos relevantes e comunicados oficiais das companhias abertas brasileiras. Além dos termos jurídicos, a complexa construção das frases não ajuda na compreensão dos textos. A dificuldade atinge até mesmo os especialistas no assunto. Muitas vezes, os analistas acabam se deparando com comunicados incompreensíveis, parágrafos intermináveis e, como principal problema, falta de informações fundamentais. Não é apenas o formalismo e a falta de habilidade com a língua portuguesa que provocam a redação de textos obscuros. Especialistas apontam que a "técnica" também acaba servindo para atender o desejo proposital de algumas companhias de não se fazerem entender. O assunto está na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo a diretora Norma Parente, o fato relevante deve ser o mais claro possível, com o maior número de informações disponíveis. Norma explica que o uso da linguagem jurídica não é uma obrigação para as companhias. "Prefiro que não usem essa linguagem, pois fica muito hermético para o investidor." Por enquanto, o procedimento da CVM é pedir explicações às empresas quando os comunicados geram dúvidas no mercado. Mas a autarquia já está analisando uma iniciativa dos Estados Unidos. A Securities & Exchange Commission (SEC) divulgou, em 1998, um manual para auxiliar as empresas a escrever de forma clara para os seus investidores. O manual está sendo avaliado pela área técnica da CVM. Usar frases curtas, palavras comuns e ir direto ao ponto são algumas das instruções da SEC. Isso não significa ignorar informações complexas. A preocupação é ainda maior porque muitos investidores não são advogados nem contadores. As orientações da SEC cairiam bem para os comunicados das empresas brasileiras. Dois anúncios recentes exemplificam a falta de clareza e objetividade. Há cerca de 15 dias, o Banco Mercantil de São Paulo informou ao mercado que estuda uma associação com uma instituição americana. Para passar essa única informação, a primeira frase do comunicado tinha 64 palavras e oito vírgulas.

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