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DAVOS-Empresários apelam por liderança de BCs em meio à crise

Por NATSUKO WAKI E THOMAS ATKINS
Atualização:

Líderes empresariais afetados pela forte queda nos mercados globais fizeram, nesta quarta-feira, um apelo para que o Federal Reserve e outros bancos centrais assumam o controle da situação econômica global. Alguns deles chegaram a acusar os BCs de terem perdido a cabeça. Com os preços das ações despencando novamente apesar de um corte emergencial da taxa básica de juro dos EUA na terça-feira, a fim de combater temores de uma recessão, altos executivos expressaram preocupação ao se reunirem para um encontro anual no resort suíço de Davos. "Os bancos centrais perderam o controle", disse o megainvestidor George Soros, ecoando preocupações de muitos dos mais de 2.000 líderes empresariais e políticos que chegam à montanhosa cidade para o Fórum Econômico Mundial. Em um debate sobre a economia norte-americana, 59 por cento dos participantes concordaram com uma indicação de que os líderes dos bancos centrais perderam o controle. Autoridades de Washington tentaram rebater o pessimismo. "A economia norte-americana tem fundamentos econômicos saudáveis", disse David McCormick, subsecretário norte-americano do Tesouro para Assuntos Internacionais, desafiando o ponto de vista de muitas pessoas a seu redor de que a recessão nos EUA é inevitável. "Embora continuemos a acreditar que a economia dos EUA crescerá, ela irá crescer a um ritmo mais lento e não há dúvida de que os riscos adversos aumentaram", acrescentou. Mas muitos executivos disseram que a decisão surpresa do Federal Reserve de cortar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual pareceu uma medida desesperada. "Estou um tanto preocupado de que tudo o que eles fizeram ontem (terça-feira) foi apertar o botão para adiar o problema. (Isso representa) excessiva acomodação monetária que só nos leva de bolha para bolha para bolha", disse Stephen Roach, chefe do banco Morgan Stanley para a Ásia. Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro norte-americano, também foi crítico: "É difícil dar uma nota alta (aos bancos centrais) sobre o que aconteceu nos últimos seis meses." Já John Snow, outro ex-chefe do Tesouro, deu mais apoio ao Federal Reserve. "O que a ação de ontem nos mostra é que o Fed está focado, mas eles estão cientes de tendências negativas na economia e se prepararam para tomar medidas audaciosas", complementou. MEDO DE RECESSÃO Líderes políticos e empresariais que se reúnem em Davos temem estar enfrentando a maior crise financeira desde a Segunda Guerra Mundial. O corte emergencial da taxa de juro dos EUA na terça-feira, após dois dias de grandes quedas das ações, ditaram o tom da reunião do Fórum Econômico Mundial, onde estrelas financeiras, industriais e políticas, incluindo a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, são esperadas. Formuladores de política acostumados com conversas brandas no esplendor do inverno dos Alpes suíços passarão neste ano por um período mais "tórrido", à medida que os líderes empresariais se debruçam sobre as perspectivas econômicas. "A coisa pela qual os mercados estão desesperados agora é liderança, seja globalmente ou regionalmente, e parece que há falta disso", disse John Studzinski, chefe de private equity da consultoria da Blackstone . Mas outros líderes empresariais disseram que mesmo se a economia dos EUA começar a encolher, o impacto para o resto do mundo será menor do que no passado, graças a economias em expansão de países emergentes como a China e a Índia.

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