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De cara nova, Playboy veste suas roupas

Edição de março abandona nudez, que fez parte da identidade da revista americana desde 1953

Por David Segal
Atualização:

O que é a Playboy sem mulheres nuas? Isso soa como a revista Car and Driver sem carros ou motoristas e, para os leitores que apenas desejam espiar as partes femininas mais íntimas, é apenas isso. Para todas as outras pessoas, a mudança na revista é mais sutil do que você pode achar. E, francamente, as mudanças mais claras têm pouco a ver com a exposição do corpo.

Em sua edição de março, a revista vai abandonar a nudez, que tem sido a parte principal da identidade da revista desde sua estreia em 1953, quando as páginas do centro estamparam fotos de Marilyn Monroe e vários artigos cândidos sobre sexo. Como anunciado em outubro, a Playboy está se transformando para a era digital, em que imagens picantes são tão fáceis de se encontrar como redes Wi-Fi.

Versão brasileira tem vida nova com Luana Piovani Foto: Gabriel Soares/Brazil Photo Press

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A revista distribuiu uma cópia de sua edição repaginada e, indo direto ao ponto, ainda há mulheres nuas na versão mais recatada da Playboy. A mudança está na forma como elas foram fotografadas, de forma a ocultar, estrategicamente, algumas partes de seus corpos.

As páginas centrais da edição exibem Dree Hemingway, a bisneta do escritor Ernest Hemingway. Em um Jardim do Éden, após uma mordida na maçã, essa Eva parece um pouco envergonhada. Em uma das fotos, é como se alguém tivesse acabado de roubar suas roupas, deixando que ela escondesse somente o que podia com o uso das mãos. Dree e outras mulheres na edição não foram retocadas. As fotos da Playboy sempre foram triunfos da tecnologia, dando às modelos um brilho de perfeição que não pode ser obtido sem a colocação cuidadosa de luzes nos lugares corretos e de aerografia agressiva.

Algumas das imagens na edição de março são granuladas e parecem ser mais espontâneas do que posadas. Mesmo parecendo paradoxal, a Playboy passou por uma grande cirurgia cosmética e emergiu da sala de cirurgia parecendo mais natural.

A transição para o novo produto faz parte da estratégia para atrair uma audiência mais nova, segundo o diretor de conteúdo da Playboy, Cory Jones. “Um ano e meio atrás, nós relançamos o site da Playboy em uma versão que pudesse ser acessada no trabalho e a audiência subiu 400%. A idade média dos visitantes passou de 47 anos para 30 anos. Isso nos mostrou como a marca ainda ressoa.” Essa é a aposta forte da revista: ela agora é direcionada aos millennials e à era dos smartphones.

A capa da edição de março mostra uma jovem garota cujo braço se estende para fora do enquadramento da foto, como se ela estivesse tirando um selfie. Uma legenda à sua frente diz “heyyy ;)”, levando a foto a lembrar o estilo dos vídeos enviados por meio do aplicativo Snapchat.

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