PUBLICIDADE

De garçom a dono de restaurante

Por Roberta Cardoso
Atualização:

É com a sabedoria de quem já viveu um pouco de tudo na vida que Thrassyvoulos Georgio Petrakis, 95 anos, administra o Acrópoles, uma espécie de templo da gastronomia grega no Brasil. Há 53 anos, seu Trasso, apelido adotado para facilitar o contato, é responsável pelas receitas que atraem centenas de pessoas ao Bom Retiro, um bairro de São Paulo. Fiel às tradições gregas, o empresário conquistou o paladar de políticos, artistas e obteve fama mundial."Não esperava tanto sucesso. Mas é muito compensador quando as pessoas pedem para eu mesmo ir para a cozinha fazer uma salada", conta.A popularidade do Acrópoles é grande, mas por trás desse reconhecimento não há mistérios: existe, sim, muito trabalho, dedicação e o envolvimento de seu Trasso, que não abre mão de participar da rotina do estabelecimento.Por volta das 7h30, o empreendedor já está no batente. Sua jornada de trabalho é extensa e contempla praticamente todas as funções que permitem ao restaurante funcionar sete dias da semana. Ele vai ao mercado para assegurar a qualidade dos ingredientes, coordena a cozinha, prepara pratos, atua como garçom e ainda bate papo com os clientes. "Se você quer ter qualquer tipo de negócio, precisa permanecer no local", ensina. Seguindo um modelo de gestão peculiar, onde a percepção se sobrepõe aos ensinamentos da escola - ele estudou apenas três anos -, o imigrante iniciou sua trajetória como garçom do restaurante que hoje é dono. "Aprendi tudo o que podia e me envolvia em todas as atividades. Com o tempo, acabei me tornando sócio e depois proprietário", relembra.Para tornar o Acrópoles referência gastronômica em um mercado com tantas opções como o de São Paulo, o grego não seguiu uma cartilha pronta. Foram os erros e acertos que o ensinaram. Mais do que isso. Sua trajetória permeada de obstáculos - ele chegou ao País sem falar o idioma - o ensinou a valorizar o poder da superação. "O mais importante em um restaurante, além da qualidade, é o serviço. Para dar certo é preciso saber o que o cliente deseja e isso a gente descobre conversando com eles", recomenda. De forma ativa, lúcida e original, o empresário ensina uma das filhas a conduzir o restaurante. As dificuldades são encaradas sempre com muita paciência e sabedoria. "Quando alguém fala algo que não gosto, fico quieto. Dependendo da reclamação, finjo que não escutei", conta. E foi assim que seu Trasso se esquivou de falar sobre o fechamento da filial do Acrópoles, um negócio concebido com a ajuda da filha. "Não deu certo", resume, desviando em seguida para algo mais ameno. "O importante é que eu me divirto muito trabalhando."Seu Trasso chegou ao País sem falar português, mas superou essa e outras dificuldades para vencer no Brasil

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.