18 de maio de 2020 | 07h00
Atualizado 18 de maio de 2020 | 19h11
Os esforços para superar o novo coronavírus ditaram o tom do mercado internacional nesta segunda-feira, 18, que fechou majoritariamente em alta. Além da reabertura gradual da economia, iniciada por alguns dos maiores epicentros da covid-19, o desenvolvimento de uma possível vacina contra o vírus aumentou o ânimo do investidor.
A descoberta foi da empresa de biotecnologia e farmacêutica Moderna, na Califórnia. Os testes, já conduzidos em 45 pessoas, trouxeram resultados 'seguros e eficazes'. Com os resultados positivos, a empresa já anunciou um investimento de US$ 1 bilhão em novas ações, para financiar o possível antídoto. Os ânimos ficaram ainda mais exaltados após Donald Trump dizer que "grandes anúncios estão por vir".
Nesse sentido, também renova os ânimos, os esforços vindos de grandes economias mundiais - e também epicentros do vírus -, como Itália, Espanha e Nova York, para reabrir suas economias após longos períodos de bloqueio. Os processos, apesar de graduais, já apontam para uma retomada lenta da demanda e também do consumo.
Na Ásia, a alta também se deve ao comentário do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, de que a crise provocada pelo vírus poderá fazer a economia dos Estados Unidos encolher "facilmente" entre 20% e 30% neste trimestre.
Além disso, vários países seguem adiante com iniciativas para gradualmente reverter medidas de bloqueio adotadas na tentativa de conter a disseminação do coronavírus, fator que ajuda a manter algum apetite por risco na região asiática, apesar de recentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
Ainda ajudou os dados econômicos divulgados pelo Japão, menos trágicos do que o esperado. Com os efeitos do coronavírus -, o Produto Interno Bruto (PIB) japonês se contraiu em ritmo anualizado de 3,4% entre janeiro e março. Analistas, contudo, previam queda mais acentuada, de 4,8%.
Nesse cenário, o índice japonês Nikkei subiu 0,48% em Tóquio, enquanto o chinês Xangai Composto avançou 0,24%, o sul-coreano Kospi se valorizou 0,51% em Seul e o Hang Seng teve ganho de 0,58% em Hong Kong. Já o menos abrangente índice chinês Shenzhen Composto caiu 0,43% e o Taiex recuou 0,69% em Taiwan. Na Oceania, a Bolsa australiana ficou no azul e o S&P/ASX 200 avançou 1,03% em Sydney.
Na Europa, animou o mercado o anúncio da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da França, Emmanuel Macron, de um fundo conjunto de 500 bilhões de euros para combater os impactos da covid-19. Com isso, o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 4,07%.
Com isso, as Bolsas do velho continente fecharam o pregão em alta. A Bolsa de Londres subiu 4,29%, a de Frankfurt avançou 5,67% e a de Paris se valorizava 5,16%. Já em Milão, Madri e Lisboa, os ganhos eram de 3,26%, 4,70% e 4,62%, respectivamente.
Apesar das previsões negativas, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse acreditar que a economia dos Estados Unidos vai se recuperar de forma constante ao longo do segundo semestre do ano, contanto que não haja uma segunda onda de infecções por coronavírus no país. Nesse sentido, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, falou em "boom" no crescimento em 2021.
Ainda nos Estados Unidos, a expectativa fica em torno do novo pacote de ações contra o vírus aprovado pela Câmara dos Deputados, superior a US$ 3 trilhões. No entanto, como a medida foi apoiada basicamente por deputados democratas, e os senadores republicanos são a maioria, é muito provável que ela não passe na votação do Senado.
Por lá, o Dow Jones subiu 3,85%, o S&P 500 avançou 3,15% e o Nasdaq teve ganho de 2,44%. No pregão desta segunda, as ações da Moderna subiram mais de 20%, em meio ao ânimo com a possível vacina contra o coronavírus. Já no fim da tarde, os Treasuries avançavam em NY - o juro da T-note de 2 anos subia a 0,169%, o da T-note de 10 anos avançava a 0,729% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 1,437%
Nem mesmo a constante tensão entre China e Estados Unidos conseguiu derrubar o ânimo dos investidores, impulsionados pela possível vacina contra o vírus. Mas, além da boa notícia, deu ainda novo fôlego ao petróleo o aumento na demanda chinesa pela commodity, em um dos primeiros sinais da reabertura da economia do país asiático.
Com isso, o WTI para julho, referência no mercado americano, fechou em alta de 7,21%, a US$ 31,65 o barril. Já o Brent para o mesmo mês, referência no mercado europeu, avançou 7,10%, a US$ 34,81 o barril./MARCELA GUIMARÃES, IANDER PORCELLA E MAIARA SANTIAGO
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.