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Debate da OMC sobre câmbio termina sem acordo

No segundo dia da discussão feita a pedido do Brasil, do impacto das taxas de câmbio no comércio internacional, China e Estados Unidos batem boca

Por GENEBRA
Atualização:

Uma polêmica entre o presidente de um banco estatal chinês e um funcionário do Tesouro dos Estados Unidos foi o ponto alto do debate a portas fechadas na Organização Mundial do Comércio, disseram fontes diplomáticas. O tema da discussão era a proposta brasileira de um debate para chamar a atenção sobre as dificuldades surgidas quando grandes movimentos de divisas afetam a competitividade comercial dos países, fenômeno que a presidente Dilma Rousseff chamou recentemente de 'tsunami monetário'.A discussão teórica subiu de tom na primeira sessão quando um dos participantes, Li Ruogu, presidente do banco de investimentos da China, encontrou a oposição de Mark Sobel, subsecretario adjunto do Tesouro dos Estados Unidos para política monetária e financeira internacional. Vários diplomatas saíram da sessão rindo do "espetáculo"."Digamos que a discussão subiu de tom, isso é evidente", disse um dos diplomatas. "Houve um pouco de calor no debate", acrescentou. "Não é nenhum segredo que os Estados Unidos estão preocupados com as políticas da China e o impacto que elas estão causando. Houve uma polêmica entre a China e os Estados Unidos sobre as pessoas vivendo muito além das suas possibilidades e a necessidade de poupar mais e gastar menos", comentou outro participante do debate. Ele acrescentou: "O tema das práticas comerciais desleais se voltou contra a China".O apoio à China veio do representante do governo da Venezuela, que argumentou que os países menos desenvolvidos com populações pobres deveriam ser autorizados a executar políticas cambiais distintas de países ricos como os Estados Unidos.Acordo. A discussão iniciada no encontro de Genebra deve continuar em novas reuniões a serem marcadas, mas há poucos sinais de qualquer acordo em torno da questão levantada pelo Brasil. Enquanto alguns países compareceram considerando a oportunidade de aproveitar o debate para "deixar sair a pressão" sobre um tema sensível e controvertido, outros consideram que o debate é uma espécie de cavalo de Troia, ou seja, uma estratégia do Brasil para levar os desequilíbrios cambiais para a jurisdição da OMC. E também uma nova forma de os Estados Unidos acusar a China pelos baixos preços das suas exportações."Estão deixando que outros façam o trabalho sujo por eles, disse um diplomata da área comercial, ao ser perguntado sobre o motivo pelo qual os Estados Unidos se mostraram mais eloquente no seu apoio à proposta levantada pelo Brasil.O embaixador brasileiro para a OMC, Roberto Azevedo, negou que haja alguma agenda oculta e disse que pretendia uma conversação imparcial sobre como funciona o sistema cambial.Azevedo disse que o objetivo não era o de debater as causas dos desajustes cambiais ou repartir a culpa entre os países participantes, mas sim examinar se o sistema da OMC poderia ter um mecanismo para lidar com o impacto no comércio.Para muitos participantes o debate deveria se concentrar nas causas do desajuste. "Alguns afirmam que os desajustes da taxa de câmbio se devem às intervenções erradas dos governos no mercado de câmbio.Outros afirmam que a fonte principal do problema são as políticas fiscais e monetárias que provocam grandes fluxos de capitais.

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