*É ECONOMISTA E SÓCIA DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA.
NÃO*Fabio Silveira Não A eficácia da atual política de controle da inflação brasileira deve ser questionada. Novos acréscimos dos juros básicos em pouco contribuirão para levar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) a convergir para o centro da meta anual de inflação (4,5%) em 2016. Nos últimos 25 meses, a taxa básica de juros, a Selic, avançou 6,5 pontos porcentuais, atingindo o patamar de 13,75% ao ano. Nesse mesmo intervalo, a expectativa de inflação para os próximos 12 meses subiu de 5,6% para 6,1%. A ideia de focar o controle dos preços apenas na utilização crescente da restrição monetária chegou ao limite. Concentradora de renda, a contínua majoração da Selic vem perdendo eficácia. Pior. No lugar de apontar para baixa consistente dos preços, vai comprometer a recuperação econômica esperada para 2017! Cabe um alerta: o PIB brasileiro, em 2015, já está fadado a ter queda da ordem de 2%, a maior desde 1990; e, no próximo ano, deve crescer menos do que 1%. O mais razoável é interromper o atual ciclo de aperto monetário e esperar os efeitos contracionistas das últimas majorações de juros sobre a demanda agregada. Isso porque, além da relativa estabilidade cambial observada desde março, a perspectiva de novo aprofundamento da recessão será inócua para aliviar parte da alta dos preços. Principalmente, daqueles que continuam submetidos à lógica da indexação, majorados com base na inflação passada e retroalimentando a inflação futura. Há muitos preços, tarifas e contratos que são corrigidos pela variação anual do IGP (Índice Geral de Preços), cuja elevação é provocada, em boa medida, por choques de oferta agrícola (secas) e de energia (racionamentos). Ao mesmo tempo, é fundamental que as autoridades monetárias adotem uma agenda de ações de curto, médio e longo prazos, procurando desmontar, paulatinamente, a utilização dos mecanismos de indexação que há quase 60 anos vicejam no sistema brasileiro de preços. O cumprimento dessa “missão” exigirá muita criatividade e perseverança. E convém ser iniciado agora.
*DIRETOR DE PESQUISA ECONÔMICA DA GO ASSOCIADOS