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Decisão do Copom confunde mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão do Copom de aumentar a taxa Selic de 18% para 21% ao ano trouxe confusão - para alguns, frustração - para o mercado financeiro. A expectativa era de que o aumento fosse significativamente maior que os três pontos percentuais. Os analistas consultados pela Agência Estado não entenderam bem o motivo da decisão. Uma frase do economista chefe da BBA Corretora, Alexandre Schwartsman, resume bem esse sentimento negativo: "Se o problema é de inflação, a decisão não é urgente. Se for para conter o câmbio, é pouco", avaliou Schwartsman. O economista-chefe de um grande banco doméstico, que prefere não se identificar, reforça: "A reunião não deveria ter sido convocada para isso, não vai funcionar. Dá a impressão que o Banco Central não está mais agindo racionalmente." O mesmo economista critica o fato de o BC não ter esperado o resultado das medidas anunciadas na última sexta-feira (aumento de compulsórios e restrições adicionais para aplicações em câmbio), dado que os bancos têm até o próximo dia 16 para ajustarem-se. É majoritária no mercado a visão de que o aumento da Selic não terá os efeitos positivos que a autoridade monetária gostaria de ver - prova disso, o dólar retomou seu movimento de alta. Alguns analistas até chegaram a sugerir que poderia haver algum impacto inicial positivo, mas o comportamento dos preços dos ativos logo após a decisão não confirmaram essa tendência. "A medida não vai fazer muita diferença, pelo contrário, só está aumentando a percepção de que as medidas do BC são cada vez mais ignoradas pelo mercado, numa realidade muito próxima do que ocorreu na Argentina", comenta outro economista chefe que também prefere não se identificar. "Se era para fazer isso (reduzir a Selic em apenas três pontos) a não precisava convocar uma reunião extraordinária, sendo que a ordinária seria na semana que vem", afirma o economista, disse o economista-chefe do BicBanco, Luiz Rabi. Para Rabi, o que os membros do Copom devem ter feito foi a conta de quanto o dólar subiu da última reunião do comitê até hoje e calculado o quanto isso pressionaria a inflação. "Foi uma medida para manter a inflação do ano que vem dentro da meta e não para derrubar o dólar. Mas se o BC está olhando para a inflação do ano que vem, qual é a diferença em aumentar o juros hoje ou na semana que vem?", questiona o analista do BicBanco. Segundo o economista, o dólar não vai cair com esta medida, já que a desvalorização cambial está mais ligada a fatores estruturais do que simplesmente a uma ação especulativa do mercado financeiro. A única avaliação positiva, sobre a decisão, limita-se ao fato de o BC ter demonstrado alguma independência política em suas decisões. Os analistas dizem que, na relação custo/benefício, é pouco.

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