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Decisão pelo viés de baixa surpreende mercado

O Copom tomou a decisão menos esperada pelo mercado na reunião de hoje. A taxa de juro foi mantida inalterada em 18,50% ao ano, mas com viés de baixa. Embora os índices de inflação estejam convergindo para uma trajetória esperada, o cenário de turbulências inviabilizaria um corte da Selic.

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao decidir pela manutenção dos juros nos atuais 18,50% ao ano, mas com viés de baixa, o Comitê de Política Monetária (Copom), além de surpreender todo o mercado com a sinalização de queda, pesou mais na balança o momento de turbulências no mercado financeiro do que os últimos dados sobre a inflação, que mostram que os índices de preços estão convergindo para a trajetória desejada. A decisão foi tomada com unanimidade pelo comitê. No mercado, prevalecia até o meio da manhã a aposta firme na manutenção da taxa. Entre operadores e economistas, era praticamente unânime a avaliação de que o cenário econômico não seria apropriado para um corte de taxa. Afinal, em sua última reunião, o Copom optou por ser conservador, afirmando que, embora houvesse sinais de que os preços livres estivessem convergindo para a trajetória desejada, o balanço dos riscos ainda não permitia uma redução dos juros. Naquela época, o dólar estava na casa de R$ 2,50. Hoje, está acima de R$ 2,70, e o risco país, que estava pouco acima de 950 pontos, hoje superou os 1.300 pontos. Tudo isso, refletindo o aumento da insegurança do mercado em relação à manutenção da atual política econômica no próximo governo. Apesar desse cenário turbulento, havia no mercado uma certa torcida para que a taxa caísse. Isso porque, para operadores, essa seria uma boa notícia, um sinal positivo por parte do BC. "Este Copom focou as expectativas, e não a meta de inflação", defende um profissional. Operadores já alertavam, no entanto, que para tomar essa decisão, o Copom precisaria de argumentos muito sólidos para se justificar. Em vez de cortar a Selic em 0,25 ponto, o Copom optou por dar um sinal, mas através do viés de baixa. Essa decisão provocou um recuo dos taxas de juros negociadas nos contratos de DI futuro, que passaram a operar em queda imediatamente após a divulgação. No entanto, essa queda pode não garantir uma tranqüilidade. "É provável que o mercado entenda esse viés como uma medida puramente política e gere uma certa desconfiança", afirma um profissional. Há quem defenda que o Copom, ao tomar essa medida, esteja acreditando que o dólar irá recuar e, então, haverá espaço para corte, uma aposta bastante arriscada em um momento como este. Números do mercado Às 15h03, o dólar comercial estava sendo cotado a R$ 2,7120, com queda de 0,07% em relação aos últimos negócios de ontem. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003, negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), pagam taxas de 23,500% ao ano, frente a 22,800% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 0,98%.

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