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''Decisão tem reflexos positivos no Brasil''

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André Beer, ex-vice-presidente da GM do Brasil e hoje dono de uma consultoria, acredita que a decisão do governo dos EUA de ajudar as montadoras foi acertada e que terá reflexo positivo no Brasil. A seguir, trechos da entrevista: Essa decisão tem algum reflexo no Brasil? Sim, reflexos positivos. A empresa no Brasil é uma subsidiária. Tem vida própria, mas as ações pertencem aos acionistas da GM americana. A responsabilidade da empresa aqui é dar o devido retorno, ou seja, pagar dividendos legais, o que só pode ser feito se tiver lucro. A ajuda à matriz, que reflete nas Bolsas de Valores e nas ações da companhia, certamente ajuda também a marca no Brasil, que poderá seguir com seus planos de investimento e de desenvolvimento de novos veículos. O mesmo vale para a Chrysler e a Ford. A ajuda é suficiente? Entendo a ajuda como uma ponte para colocar as empresas no rumo. O próprio empréstimo que está sendo feito prevê que elas terão de demonstrar que são viáveis até o fim de março. Entre outras coisas, espera-se que negociem novos acordos com os sindicatos e com os credores. Até março dá para fazer isso? Eu diria que o prazo é muito curto. Mas o que eu entendo é que elas precisam mostrar que estão num processo de negociação que caminha nessa direção, não necessariamente concluído. Não será fácil, porque os sindicatos nos EUA têm um poder enorme. Na verdade foram eles os principais causadores da falta de competitividade da indústria americana, principalmente em relação às japonesas. O que as montadoras terão de fazer? Vão ter de achar uma fórmula de serem mais competitivas e de terem condições de investir mais em novos produtos e novos processos. É bom entender que as empresas americanas, especificamente GM e Ford, não tiveram lucro nas operações domésticas nesses anos todos. Os lucros que elas tiveram foram terceirizando a fabricação de produtos, lucro nas subsidiárias ou quando operavam braços financeiros. Elas terão de trocar os carrões por modelos menores? A grande parte dos consumidores comprava veículos grandes, como utilitários esportivos (SUVs). Uma das razões é que, no inverno, eles oferecem a sensação de mais segurança. Porém, quando o petróleo subiu de preço, e a gasolina acompanhou, houve fuga do consumidor. Agora, houve baixa grande do petróleo, mas a gasolina ainda não acompanhou o mesmo ritmo. Mas, na minha ótica, se a gasolina voltar a US$ 1,80, US$ 2 o galão, como no passado, o consumidor volta a comprar carrões, talvez não na mesma extensão de antes.

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