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Declarações do diretor da ANP dividem opiniões no Senado

Afirmação de executivo sobre megacampo de petróleo foi debatida durante a Comissão de Assuntos Econômicos

Por Gerusa Marques
Atualização:

As explicações do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, sobre as declarações que deu na segunda-feira, 14, relativas à reserva de petróleo Pão de Açúcar/Carioca, na Bacia de Santos, dividiu opiniões dos senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde Lima participa nesta terça de audiência pública sobre pagamento de royalties de petróleo. Lima foi parlamentar pelo PCdoB da Bahia, e derrotado para o Senado, nas eleições de 2002.   Veja também: Pão de Açúcar: País pode ter o terceiro maior campo de petróleo do mundo A história e os números da Petrobras  A maior jazida de petróleo do País  A exploração de petróleo no Brasil  'Brasil pode se unir à Opep', diz jornal americano Descobertas vão render R$ 160 bi  Novo megacampo no Brasil mexe com bolsas de Londres e Madri  O senador Gerson Camata (PMDB-ES) foi o primeiro a falar e disse que as críticas a Lima vieram de pessoas que preferiam que ele tivesse dito que o Brasil não tem petróleo. "Vossa Excelência é um patriota, é um brasileiro", afirmou Camata. Já o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) alertou para o fato de que o teor das declarações de Lima tem repercussões com grandes conseqüências no mercado financeiro. "Pela sua responsabilidade e pela sua categoria, as declarações foram perigosas e tiveram reflexo sim, em um setor bastante sofisticado", disse Dornelles. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse que quando tomou conhecimento, na segunda-feira, das declarações de Lima, ficou perplexo e preocupado de como o diretor da ANP faria para explicar as declarações, que a princípio pareciam "precipitadas e desastrosas", tanto para credibilidade da agência, quanto para o próprio Lima. "No entanto, o que ele (Lima) colocou aqui é satisfatório", disse Crivella, referindo-se à justificativa do diretor da ANP, de que as informações tinham sido publicadas por uma revista americana."Infelizmente o sistema financeiro vive de especulação. Fiquei aliviado com a explicação, que mantém a imagem primorosa que temos de Vossa Excelência", disse Crivella. Já o senador Flecha Ribeiro (PSDB-PA) considerou lamentável que Lima, como diretor da ANP, tenha dito que não conhece a Bolsa de Valores, ao se referir à reação do mercado financeiro com suas declarações, na segunda (em movimento especulativo, as ações da Petrobras dispararam). Para o senador, uma coisa é um jornal especular sobre uma possível reserva e outra é o diretor da ANP falar sobre esse assunto. Flecha Ribeiro disse que seria a mesma coisa que integrantes do Partido dos Trabalhadores especularem sobre o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o próprio presidente declarar que apóia a idéia. "A declaração (de Lima) tem efeito muito perigoso para o sistema financeiro. Muita gente ganhou dinheiro com a informação que o senhor deu". O senador Jayme Campos (DEM-MT) não compartilha da mesma opinião de seu colega tucano. Para ele o que houve foi uma "histeria desnecessária" e que é da competência do diretor de uma agência reguladora falar sobre o que está em estudo no País. "Não podemos deixar de acreditar em Vossa Excelência e de dar um voto de confiança, pela sua trajetória", afirmou Campos, para quem o problema está nos especuladores da bolsa de valores. "O senhor é digno e não fez isso com o intuito de beneficiar "a", "b" ou "c". O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), tentou interromper a discussão lembrando que o objetivo da audiência pública era outro e que o diretor da ANP já havia esclarecido como fez essas declarações. "Compete à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tomar as providências cabíveis para apurar as repercussões desse episódio", afirmou. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse, porém, que quem trabalha na área de petróleo tem que tomar muito cuidado. Mas considerou "extremamente esclarecedora" a explicação de Haroldo Lima. Declarações Na segunda-feira, em evento na Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio, o diretor-geral da ANP disse que a área chamada "Pão de Açúcar", localizada na Bacia de Santos, pode acumular até cinco vezes o volume de petróleo encontrado pela Petrobras no campo de Tupi. Lima afirmou que informações preliminares das empresas concessionárias que estão operando na área indicam que este volume poderia chegar até 33 bilhões de barris de óleo recuperáveis. "Se isso for confirmado, será a maior descoberta já feita no mundo, que poderá se transformar no terceiro maior campo de produção de petróleo no mundo", disse o diretor.

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