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Déficit da balança de petróleo cai em 2014

Mas base de comparação de janeiro a maio de 2013 está inflada do lado das importações

Por Laís Alegretti e Renata Veríssimo
Atualização:

BRASÍLIA - O resultado do comércio de petróleo e derivados está melhor no período de janeiro a maio de 2014, se comparado ao mesmo período do ano passado, mas o Brasil continua comprando bem mais dos outros países do que consegue vender a eles. O déficit da chamada conta-petróleo soma US$ 7,6 bilhões de janeiro a maio de 2014. Em igual período de 2013, o saldo negativo era ainda maior, de US$ 11 bilhões.

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O governo comemorou a queda de 13,2% da importação de petróleo e derivados e a alta de 9,7% das exportações no acumulado de 2014. No entanto, a base de comparação de janeiro a maio de 2013 do lado das importações está inflada em US$ 4,5 bilhões em operações realizadas pela Petrobrás em 2012 e que só foram registradas naquele período do ano passado.

Se for descontado o valor do registro em atraso, a importação de petróleo e derivados, em vez de cair, sobe 12% na comparação com os cinco primeiros meses deste ano.

A importação de janeiro a maio deste ano somou US$ 16,6 bilhões e, no mesmo período do ano passado, as compras foram de US$ 19,3 bilhões. Se for retirado o valor referente a operações feitas em 2012, esse número cai para US$ 14,8 bilhões.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, disse que não comentaria o dado sem as operações registradas com atraso. “Se fosse assim, teríamos de rever o resultado do ano passado todo”, argumentou.

Aposta. Para os próximos meses, o governo aposta em melhora do resultado do comércio de petróleo e derivados. Segundo Godinho, o déficit ao final de 2014 será menor que o saldo negativo de US$ 20 bilhões em 2013.

O secretário argumentou que as informações da Petrobrás são de que o aumento da produção e das exportações será mais forte no segundo semestre deste ano.

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“A tendência continua sendo de mais produção e exportação e de menos importação. Em termos de ritmo e quando isso se dará, entretanto, eu não consigo prever”, afirmou Godinho.

Se considerada a venda externa apenas de petróleo, a alta foi de 28% no mês passado ante maio de 2013. No acumulado do ano até maio, a alta é de 22% na comparação com igual período de 2013, enquanto que as importações de petróleo caíram 9,4%.

O governo conta com a melhoria da conta-petróleo para retomar superávits comerciais mais robustos. O cenário traçado pela equipe econômica considera que a Petrobrás passará a ser exportadora líquida em 2015, por causa de um crescimento da produção de 7,5% neste ano.

A balança de petróleo e derivados é historicamente deficitária, mesmo a partir de 2006, quando o governo Lula anunciou a autossuficiência na produção de petróleo pela Petrobrás.

Automóveis. A exportação de automóveis para a Argentina registrou uma recuperação no fim de maio, se comparada com os primeiros dias do mês.

De acordo com Godinho, houve alta de 22% nas exportações do produto para a Argentina nas últimas três semanas (do dia 13 ao dia 31) de maio, ante as duas primeiras semanas (1.º a 12 de maio).

Questionado se a recuperação já é resultado de negociações com autoridades do país vizinho, Godinho respondeu: “Esperamos que as negociações avancem, como têm avançado. Esperamos que o resultado já seja reflexo desses avanços”.

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O governo argentino tinha se comprometido a liberar o fluxo de vendas brasileiras para aquele País. De janeiro a maio deste ano, enquanto as vendas externas para a Argentina caíram 18,6%, as importações recuaram 19,1%. Nesse cenário, o saldo do comércio com a Argentina é positivo em US$ 379 milhões.

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