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Resultado das contas externas melhora em junho, aponta BC

Rombo das transações correntes somou US$ 2,5 bi no mês passado, ante US$ 3,4 bi em maio; déficit foi totalmente coberto pelos investimentos de estrangeiros, que somaram US$ 5,4 bi

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Por Célia Froufe (Broadcast) e Victor Martins
Atualização:

Atualizado às 11h30

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BRASÍLIA - Após um rombo de US$ 3,36 bilhões em maio, o déficit das transações correntes somou US$ 2,54 bilhões em junho. A projeção do Banco Central para a conta corrente do mês passado era de um saldo negativo de US$ 3,5 bilhões. Segundo o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, o déficit representa uma redução de 50% ante junho de 2014. O volume do mês passado, de acordo com ele, está em linha com o que o BC tem projetado para o ano - um rombo de US$ 81 bilhões.

Esse resultado de junho, de acordo com o técnico, decorre da atividade mais fraca da economia brasileira, o que pode ser observado nos diversos componentes da conta. Como exemplo, ele citou o aumento do saldo da balança comercial, que vinha registrando déficits ao longo do primeiro semestre. O superávit comercial do mês passado é o melhor da série desde 2009 para meses de junho. "Essa melhora nas transações correntes do primeiro semestre espelha melhoras da balança, da conta de serviços e de renda primária", citou.

No acumulado dos últimos 12 meses até junho deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 93 bilhões, o que representa 4,36% do Produto Interno Bruto (PIB). No primeiro semestre do ano, o rombo soma US$ 38,28 bilhões.

Com esse resultado mensal, os Investimentos Diretos no País (IDP) foram suficientes para cobrir o buraco nas contas externas em junho e ainda restou uma sobra. Esses recursos trazidos por estrangeiros e que são destinados para o setor produtivo somaram US$ 5,39 bilhões no mês passado. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de junho ficaria em US$ 4 bilhões. 

No acumulado do primeiro semestre, no entanto, o IDP ainda é menor que o rombo nas contas externas. "Ele cobre 81% e é a principal fonte de financiamento do déficit", disse Rocha.

Vale lembrar que todos os números levam em conta a nova metodologia do BC para as estatísticas do setor externo. Com as mudanças adotadas pela instituição, a série histórica foi reduzida e há dados disponíveis somente a partir de janeiro de 2014. Anteriormente, as informações iam até 1947.

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Dentro das transações correntes, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 4,39 bilhões em junho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,43 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária em US$ 3,74 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou no vermelho em US$ 2,24 bilhões.

Remessa de lucros. Segundo o BC, a remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 2,509 bilhões em junho. A saída líquida ficou em linha com os US$ 2,679 bilhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.

No acumulado do primeiro semestre do ano, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 9,482 bilhões. O resultado é inferior ao registrado em igual período do ano passado, quando as remessas foram de US$ 14,971 bilhões.

O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,264 bilhão em junho ante US$ 1,112 bilhão em igual mês do ano passado. No ano até junho, essas despesas alcançaram US$ 10,497 bilhões, valor maior que os US$ 9,735 bilhões de igual período do ano passado. 

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Nova metodologia. Quando anunciou a mudança de metodologia nas contas externas, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, enfatizou que houve uma profunda alteração nas estatísticas do IDP por causa da alteração de conceito relativo a empréstimos intercompanhias. O IDP deve ser mais volátil do que o antigo IED, de acordo com o técnico. 

Ele deu como exemplo uma captação externa de US$ 10 bilhões feita por uma subsidiária de uma empresa brasileira no exterior. Antes, essa captação transferida pela subsidiária para a matriz brasileira era considerada como empréstimo de amortização de capital. Agora, é computada como IDP dentro do conceito de "internacionalização" de recursos de "fora para dentro".

Com a mudança, o Banco Central também introduziu nas estatísticas o conceito de "lucros reinvestidos" - que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decide manter esses recursos no Brasil em vez de repatriá-lo para a matriz. Essa nova conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. Em junho, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 525 milhões.

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