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Déficit externo chega ao bolso do brasileiro

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Por Redação
Atualização:

ANÁLISE: Felipe Salto e Bruno Lavieri

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A capacidade de atrair dólares é algo indispensável a uma economia que consome muito (e poupa pouco) e que ainda tem condições de renda e de riqueza muito inferiores ao padrão que se espera de uma nação próspera, justa e desenvolvida. O País desacelera a olhos vistos e o governo não mostra capacidade para reagir à altura desse desafio. Quem paga a conta é o brasileiro.

O emprego cresce a 0,1% (dados de abril) e a massa de salários, já descontada a inflação, cresce a apenas 2,7%. Em dezembro de 2010, antes do início do governo Dilma Rousseff, o emprego crescia a 2,9% e a massa salarial a 9,0%. Essa radical mudança na dinâmica da economia nacional é consequência direta do quadro negativo das contas externas. Elas financiaram a expansão do crédito, do consumo, do investimento (até 2008) e dos gastos domésticos do governo. Na ausência de fluxos elevados de dólares para sustentar o ritmo de crescimento da economia, "a roda não para de girar", mas seu ritmo diminui muito e a qualidade de vida dos brasileiros cai.

Quando as importações de bens, serviços e rendas, já líquidas das exportações, atingem -US$ 81,6 bilhões (déficit em conta corrente em 12 meses até abril) e as entradas de capital produtivo somam apenas US$ 44,2 bilhões (54,1% do déficit), fica evidente que algo vai mal com a nossa economia. Dilma assumiu com um déficit externo de US$ 47,3 bilhões e US$ 40,1 bilhões (84,9% do déficit) em investimentos externos para fins produtivos. Àquela época, além dos recursos produtivos mencionados, entravam mais dólares, a ponto de sobrar um total de recursos, no País, após o financiamento do déficit mencionado, da ordem de US$ 49,1 bilhões. Hoje, esse saldo é negativo em US$ 6,4 bilhões.

O déficit em transações correntes cresceu, nos últimos anos, porque havia recursos externos para financiar as importações de bens e serviços. Na presença de uma economia interna desajustada, afastamos capitais e trouxemos para o topo da agenda o problema da escassez de poupança. Um golpe no crescimento. Na presença de um governo que continua a gastar mais, a poupança (pública) substituta para esses recursos externos inexiste. Assim, consumo, renda e emprego sofrem as consequências. O povo paga a fatura da ingerência na economia do País.

ECONOMISTAS DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA

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