
26 de agosto de 2010 | 00h00
O raciocínio que embasa a avaliação dos US$ 7 é simples: o barril mais caro interessa à União, que verá sua "moeda" valer mais na operação. Em compensação, não interessa à estatal (e seus outros acionistas) porque significa que menos dinheiro vivo seria aportado pela União na companhia. Em contrapartida, os outros acionistas teriam de colocar mais recursos do próprio bolso.
Os investidores montaram suas posições no mercado com base em algo próximo de US$ 7. Os bancos de investimento que fazem estimativas para o negócio também trabalham com número semelhante.
A questão do preço também é relevante do ponto de vista da percepção dos investidores sobre a influência do governo na empresa. Se for muito alto, como já defendeu publicamente a Agência Nacional do Petróleo (ANP), ficará claro que o governo terá vencido a queda de braço contra a estatal.
No exterior, o desconforto com a intervenção do governo na companhia vem crescendo. Já há quem lembre, por exemplo, que há outras opções no setor de petróleo na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Uma das empresas citadas nesse contexto é a OGX, do bilionário Eike Batista.
A espanhola Repsol registrou no início deste mês um pedido para efetuar oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa brasileira. O objetivo da companhia é justamente buscar dinheiro (fala-se em até US$ 18 bilhões) para bancar os investimentos no pré-sal do País. Ou seja, é mais uma alternativa à estatal.
Ninguém diz que a Petrobrás perderá seu reinado no mercado. Ao contrário: a companhia terá ainda mais peso na bolsa brasileira após a capitalização. Mas não há dúvidas de que o processo poderia ter sido feito de uma forma que refletisse menos (negativamente) nas ações e nas perspectivas para a empresa.
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