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Delfim: País só se consolida com expansão industrial

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Por Célia Froufe (Broadcast)
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Apenas o desenvolvimento do setor industrial de produtos manufaturados proporcionará o crescimento consistente da economia brasileira, na opinião do ex-ministro Antonio Delfim Netto, expressa hoje durante palestra no 4º Fórum de Economia, organizado pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV). "Não há nenhuma chance de se voltar a ter um crescimento robusto, sem que ele afete o balanço de pagamentos, a não ser pelo setor de manufaturados", defendeu, acrescentando que a participação brasileira no total das exportações mundiais de manufaturados atualmente é próxima de 2,00%, o que mostra uma queda em relação ao passado. Delfim Netto lembrou que, antigamente, o Brasil era conhecido como um dos países de maior crescimento no Ocidente. "De repente, todos começaram a falar em China", disse. Para ele, entre os motivos pelos quais a expansão do País é relativamente pequena estão o porcentual de carga tributária, que passou de 24% do Produto Interno Bruto (PIB) para 40%, e da dívida interna, que acelerou de 30% para 44% do PIB. "É isso o que explica também o fato de a taxa de juros estar onde está", disse. Ele salientou também que a política econômica do governo é a grande responsável pela relação entre salário e câmbio, que acaba prejudicando alguns setores produtivos. "O governo fez tudo o que podia para subir os salários e tudo o que podia para derrubar o câmbio", comentou. Etanol Delfim Netto firmou também que o etanol é uma "coisa maravilhosa", mas que a Petrobras ficou preocupada com o crescimento das vendas dos automóveis bicombustíveis. "A Petrobras ficou preocupada porque vai sobrar gasolina como o diabo. Tenho que pôr a mão nesse mercadinho, pensa a estatal", analisou. Ele fez críticas também à Organização Mundial do Comércio (OMC). "Qual o sonho da OMC? É fazer a divisão do trabalho: a China fica com a indústria; a Índia, com os serviços; e o Brasil, com a agricultura", enumerou. Para o ex-ministro, no entanto,a divisão não é justa porque há 250 anos as estatísticas mostram que o agronegócio é cíclico. Para ele, a tese que está mais sendo debatida no momento, a de que há uma demanda maior por alimentos em todo o mundo, pode ser contestada. "Essa história de que vai aparecer uma demanda por produtos agrícolas no mundo todo é estranha. Demanda, sempre houve, o que é preciso é ver se terão dinheiro para pagar pelos alimentos", brincou.

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