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Demanda global por transporte aéreo despenca 94% em abril, mas maio indica retomada

Dados preliminares do mês passado apontam aumento no número de voos, segundo a associação internacional do setor; aposta é que recuperação do negócio venha por meio do mercado doméstico

Por Cristian Favaro
Atualização:

O setor aéreo atingiu o pior mês da sua história em termos de demanda e oferta em abril de 2020, sob efeito da paralisação da atividade econômica na crise provocada pela pandemia de coronavírus, apontou a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). Números divulgados nesta quarta-feira, 3 apontam que a demanda global de transporte aéreo de passageiros (medida em RPK, ou passageiros-quilômetros pagos transportados) despencou 94% em abril na comparação com igual mês de 2019. 

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Apesar da continuidade da crise, dados prévios de maio apontam uma recuperação importante para as aéreas. “A indústria atingiu nível sem precedentes em abril”, disse o economista-chefe da Iata, Brian Pearce, durante teleconferência com jornalistas. 

A oferta de assentos (medida por assentos-quilômetros ofertados, ou ASK) em abril recuou 87% na comparação anual.

Na América Latina a queda na demanda foi de 98%, mesmo patamar da América do Norte. Na Europa, o recuo foi de 99%.

Passageiros que chegam ao aeroporto internacional de Roma passam por um scanner que mede a temperatura. Foto: EFE/EPA

A taxa de ocupação também atingiu mínima histórica de 36,6% em abril. Em igual período de 2019, o indicador estava em 83%. “O mercado da China tem mostrado recuperação e está em 66,4%”, disse Pearce. Na América Latina, o indicador fechou abril em 55% ante 82,1% um ano antes.

Cenário menos ruim

A equipe da Iata, no entanto, trouxe um cenário menos desastroso no novo relatório do que nos anteriores. De acordo com Pearce, o setor mostrou recuperação no número de voos (considerando também o de transporte de carga) em maio. “Vimos uma elevação de 30% no dia 27 de maio na comparação com 21 de abril, que demonstrou ter sido o menor ponto na crise em termos de voos. Isso sugere que o mês de maio foi melhor também para os passageiros.”

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O economista reforçou a tendência do setor de retomada do negócio via mercado doméstico. “As aéreas estão se esforçando para puxar a demanda, com oferta de passagens”, destacou. Segundo dados da Iata, as tarifas aéreas para voos no mercado doméstico em maio estão 23% menores na comparação anual.

Na apresentação, Pearce trouxe dados de pesquisas no Google durante maio, em que as buscas por viagens aéreas saltaram 25% na comparação com abril - apesar de terem recuado 60% ante janeiro.

Ajuda do BNDES para aéreas no Brasil

O diretor-geral da Iata, Alexandre de Juniac, foi questionado sobre a redução na linha de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às aéreas no Brasil, que saiu de R$ 10 bilhões para R$ 4 bilhões

Ele buscou um tom apaziguador e disse que o governo brasileiro tem adotado “ações significativas para ajudar as aéreas”. E ponderou que essa não é uma postura geral na região. “Os governos na América Latina deveriam fazer mais por suas companhias aéreas, mas o Brasil tem feito um bom trabalho nesse cenário.”

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