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Demanda mundial por petróleo será menor em 2006, diz Opep

Segundo a Organização de Países Exportadores de Petróleo, o consumo diminuirá devido à queda no ritmo de crescimento das economias americana e japonesa

Por Agencia Estado
Atualização:

A demanda mundial por petróleo em 2006 será menor que o previsto, apesar do aumento do consumo na China. A avaliação é da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) que, em sua análise de agosto, aponta que o consumo do combustível deve ser menor diante da queda no ritmo de crescimento das economias americana e japonesa e dos altos preços do barril de petróleo. A Opep, formada por onze países que produzem quase 40% do petróleo mundial, estima que a demanda diária média de petróleo no mundo em 2006 será de 84,5 milhões de barris. O volume é menor em 80 mil barris diários da previsão feita em julho. Apesar da revisão das projeções, 2006 registrará um aumento em comparação a 2005 de 1,3 milhão de barris por dia no que se refere à demanda mundial. Metade do corte diário de demanda para 2006 deve ocorrer por causa dos Estados Unidos. A Opep acredita que haverá uma diminuição da demanda no mercado norte-americano de 40 mil barris por dia em comparação à última previsão. Segundo a previsão do cartel, a economia americana deve crescer 2,5 % neste trimestre, taxa que seria apenas a metade dos primeiros três meses do ano. Outro fator é a constatação de que o Japão registrou um crescimento de apenas 0,8% no segundo trimestre do ano, o que indica que o ritmo do crescimento da economia mundial deverá ser mais lento nos próximos meses. As estimativas do grupo é de que a economia mundial crescerá 4,8% em 2006, contra uma taxa de 4,2% em 2007. China Enquanto americanos e japoneses não conseguem acelerar o ritmo de seus crescimentos, a Opep destaca que o desempenho da China está tornando o país o responsável pelo maior aumento na demanda de petróleo no mundo. Enquanto a entidade revê para baixo as estimativas para o resto do mundo, é obrigada a incrementar sua previsão para a demanda chinesa de petróleo. O volume em 2006 deve ser 40 mil barris acima do que já estava previsto por dia. Por uma mudança na lei, os chineses podem comprar veículos com melhores financiamentos a partir deste ano. A medida já surtiu efeitos e, em apenas seis meses, as vendas de carros subiram 30%. Não por acaso, o país deve consumir cerca de 7 milhões de barris de petróleo por dia, 8,2% acima da taxa de 2005. No primeiro semestre deste ano, os chineses registraram um aumento de 15% em suas importações de combustíveis em relação ao mesmo período do ano passado. Os números chineses, porém, não são suficientes para evitar que as projeções globais da Opep sejam revistas para baixo. Para 2007, a situação não será diferente e os chineses continuarão liderando o crescimento mundial por petróleo. A Opep não mudou sua avaliação global para o ano que vem e estima que o mundo demandará 1,3 milhão a mais de barris diários de petróleo. O aumento é de 1,5% em relação ao volume deste ano. Na China, o acréscimo de demanda será de 420 mil barris por dia, um crescimento duas vezes maior que o dos Estados Unidos e mais de quatro vezes superior a de toda a América Latina. No caso de Pequim, 2007 ainda promete ser marcado por mudanças significativas. Pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), os chineses serão obrigados a abrir seu mercado para a comercialização de combustível, setor que estava até hoje reservado para apenas duas empresas locais. Preço Quanto aos preços recordes do barril de petróleo registrados nas últimas semanas, a Opep admite que está preocupada. Mas garante que os países da Organização têm a capacidade de fornecer o que o mundo necessita. Em seu relatório, ainda lembrou que os países do bloco colocaram no mercado 4,5 milhões de barris adicionais por dia desde 2002. "A organização continua confiante de que o mundo ainda está adequadamente abastecido de petróleo e não haverá falta do produto", afirmou o documento da Opep. Mas com as incertezas geopolíticas, guerra no Líbano e ameaças terroristas, o cartel admite que essa alta de preços deve ter um efeito sobre o crescimento da economia mundial e, principalmente, para países em desenvolvimento.

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